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Brasília – O primeiro desafio da recém-criada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo na Câmara dos Deputados será livrar-se do rótulo de "chapa-branca". Após dois meses de discussão, a base governista fez valer a maioria e emplacou o presidente, Marcelo Castro (PMDB-PI), e o relator, Marco Maia (PT-RS). A manobra sufoca a oposição, que requereu as investigações e ocupa apenas oito dos 24 postos da CPI.

Na defensiva, Maia assumiu os trabalhos pedindo trégua. "Não podemos subestimar os deputados falando que essa é uma comissão chapa-branca, apagada, que já tem resultado predeterminado. O que iremos produzir aqui será fruto do debate, da discussão e da consciência de cada um de nós, parlamentares", disse o relator, que era torneiro mecânico, assim como o presidente Lula.

Na mesma linha, Castro enfatizou o discurso pregado pelo Palácio do Planalto de que as investigações precisam se restringir a aspectos técnicos. Para ele, a CPI não pode tomar o rumo que foi trilhado pela dos Correios. "Não podemos transformar o nosso trabalho em uma nova CPI do fim do mundo; isso aqui não é palanque", declarou o presidente.

A sugestão de paz, entretanto, não surtiu efeito. Mesmo sabendo que perderia a disputa, a oposição montou uma chapa para tentar eleger Vanderlei Macriss (PSDB-SP) presidente da comissão. Como era matematicamente esperado, foi derrotada por 16 votos a 8.

"A tradição da casa manda que o autor do requerimento fique com a presidência e a relatoria, mas outra vez acabamos desrespeitados", lamentou o líder do PSDB, o paulista Antônio Carlos Pannunzio.

A partir de agora, a estratégia oposicionista é enfocar a incompetência do governo para conter o início da crise aérea e, posteriormente, para resolvê-la.

Castro e Maia ainda não apresentaram um plano de trabalho para a CPI. Explicaram, porém, que devem conduzir as investigações a partir da queda do avião da Gol, que matou 154 pessoas, em setembro de 2006. Depois, deverão partir para os problemas enfrentados pelos controladores de tráfego aéreo.

Castro, que chegou a ser crítico ferrenho do presidente Lula, disse que irá se limitar a essas investigações. Negou, por exemplo, que irá se aprofundar nas denúncias de superfaturamento de contratos na Infraero. "Se for um contrato que prejudicou o tráfego, vamos investigar. Se for um banheiro superfaturado, não é o nosso caso", afirmou.

Investigação

Ontem, no dia da abertura da CPI, a imprensa norte-americana divulgou o resultado parcial de uma investigação realizada por autoridades do setor de aviação dos EUA. A apuração considerou que a colisão entre o Boeing da Gol e o Legacy da ExcelAire, que deixou 154 mortos em setembro passado, foi causada, em parte, pelo fato de o transponder (aparelho que dá a localização exata do avião e está acoplado ao sistema anticolisão) não ter um sistema de alerta para situações em que permanece inoperante.

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