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Brasília – Se quiser mesmo cortar na própria carne ao investigar o esquema de venda de ambulâncias superfaturadas compradas com emendas parlamentares, a CPI dos Sanguessugas – que tem como presidente o deputado petista Antônio Carlos Biscaia (RJ) e como relator o senador Amir Lando (PMDB-RO) terá que examinar, de imediato, a situação de pelo menos 53 deputados além do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) que, conforme os documentos apreendidos pela Polícia Federal e repassados ao Ministério Público e à Câmara, apresentam algum tipo de vínculo objetivo com os integrantes do esquema.

Deste grupo, pelo menos 25 parlamentares são suspeitos de ter recebido propina em troca da inscrição de emendas para compra de ambulâncias. Seus nomes estão associados a repasses de dinheiro nas planilhas contábeis de empresas do grupo apreendidas nos computadores das empresas do esquema, em especial da Planam, ou são citados como beneficiários de propina nas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal. Há contra eles indícios consistentes.

Nos demais 29 casos, os grampos e documentos indicam proximidade dos parlamentares com integrantes do esquema.

O grupo também inclui parlamentares cujos nomes estão registrados em documentos de referência do esquema, como o arquivo conta-corrente, uma espécie de agenda com referências bancárias tais como nome, CPF, número da conta bancária, agência e banco dos clientes e fornecedores mais importantes para o esquema.

Esquema

Há ainda casos de parlamentares que mantêm ou mantinham até pouco tempo em seus gabinetes funcionários suspeitos de envolvimento ou de se beneficiarem com o esquema. Essa é a situação, por exemplo, do deputado Amaury Gasques (PL-SP), que tem em seu gabinete dois assessores identificados na planilha conta-corrente. Um deles é ex-funcionário da Planam. Gasques também abrigou em seu gabinete por alguns meses a ex-funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, presa na operação. "Estavam desempregados, tinham competência e foram contratados. Não tenho relação com esse esquema", diz Gasques.

Também mantêm funcionários ligados ao esquema deputados igualmente implicados nos grampos, como o deputado João Batista (PP-SP). Há ainda casos extremos. O suplente Ricardo Rique (PL-PB), que exerceu o mandato até o início deste ano, mantinha nada menos que quatro funcionários em seu gabinete cujos nomes estão associados a repasses da Planam, além de uma familiar.

No grupo dos suspeitos de terem se beneficiado com propina estão nomes já conhecidos como o segundo secretário da Mesa Diretora da Câmara, Nilton Capixaba (PTB-RO), o quarto secretário da Mesa da Câmara, deputado João Caldas (PL-AL), e o deputado Pedro Henry (PP-MT). Todos, junto com outros 12 parlamentares, têm seus nomes registrados na contabilidade da Planam.

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