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O desmoronamento ocorreu por volta das 3 horas, em uma construção, e formou uma cratera de 6 metros de profundidade. Muro de contenção segurou o asfalto | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
O desmoronamento ocorreu por volta das 3 horas, em uma construção, e formou uma cratera de 6 metros de profundidade. Muro de contenção segurou o asfalto| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Incidência

Construções provocam danos frequentes

A abertura da cratera na Avenida João Gualberto foi o segundo problema deste tipo ocorrido nesta semana em Curitiba. Na quarta-feira, uma das pistas da Rua Padre Anchieta, no Bigorrilho, foi interditada devido a rachaduras no asfalto. Segundo a prefeitura, a rachadura foi provocada por uma infiltração em um viaduto próximo. Em frente ao local interditado, entretanto, também existe um prédio em construção. A via será liberada na segunda-feira.

Problemas estruturais próximos a edifícios em construção têm ocorrido com frequência na capital paranaense. No mês passado, o prédio do Fórum Cível de Curitiba foi evacuado após os ocupantes terem sentido tremores no chão. Segundo o laudo do setor de engenharia civil da Universidade Federal do Paraná, os abalos podem ter ocorrido em função do tráfego de veículos na região e da construção de um complexo de prédios que está na fase de fundação.

Em frente a outro edifício em construção na Avenida Marechal Floriano Peixoto, entre as ruas Almirante Gonçalves e Baltazar Carrasco dos Reis, no Centro de Curitiba, parte da calçada caiu na fundação da obra. O local foi isolado com fitas adesivas.

Área tem histórico de problemas

A área no entorno da obra onde se formou a cratera vem apresentando problemas há tempos, segundo os moradores da região. Carlos Sysocki, proprietário de uma funerária que fica ao lado da construção, conta que seu estabelecimento foi fechado há 60 dias por causa de rachaduras. Segundo ele, as ra­­chaduras podem ter sido causadas por problemas na rua. "Faz 10 anos que essa obra começou. Fize­ram a fundação e encheu de água na época. Aí parou e essa empresa arrematou o terreno em um leilão há uns cinco anos", afirma.

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No escuro

Prefeitura não sabe se há risco no local

A Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis (Cosedi), da prefeitura de Curitiba, responsável por fiscalizar as edificações na cidade, notificou a construtora responsável pela obra na Avenida João Gualberto e exigiu medidas emergenciais para garantir a segurança do local e recuperar a calçada e a via pública danificadas, mas não soube informar se há riscos no local. A construtora será responsável também por elaborar um laudo – que não tem prazo para ficar pronto – apontando as causas do acidente.

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  • Veja como era a área antes do acidente

Um trecho da Avenida João Gualberto, no bairro Juvevê, em Curitiba, deslizou na madrugada de ontem sobre a fundação de um prédio em construção. O acidente, ocorrido por volta das 3 horas da manhã, formou uma cratera de 6 metros de profundidade e 25 de comprimento, que engoliu parte da pista no sentido bairro-Centro. Ninguém ficou ferido. O trânsito foi bloqueado em toda a avenida (canaleta e vias laterais) e três prédios foram interditados pela Defesa Civil. O bloqueio poderá durar por pelo menos 20 dias.

"As luzes começaram a piscar, e eu senti um leve tremor. Quando saí para ver o que estava acontecendo, vi que estava caindo o mundo, com tudo tremendo", descreve o analista de sistemas Diogo Micheluzzi, único a ouvir o desmoronamento. "Tira­mos as pessoas do prédio e levamos para a casa de parentes. A gente fica apreensivo por não saber o que pode acontecer."

Cerca de 1,6 mil pessoas, em um raio de oito quadras do acidente, ficaram sem água. Durante todo o dia, a Sanepar e a prefeitura trabalharam para isolar a rede de água e esgoto no trecho atingido. O fornecimento estava programado para voltar às 19 horas de ontem.

As pessoas mais afetadas foram os moradores vizinhos à construção, um prédio comercial de 20 andares. Três imóveis, onde moram quatro famílias e funcionam três estabelecimentos comerciais, foram interditados pela Defesa Civil. Ontem à tarde, os proprietários foram autorizados a entrar para recolher pertences de pequeno porte, como roupas, aparelhos eletrônicos e documentos. "Vim de manhã e não consegui entrar. Estou com a loja fechada e não vou poder trabalhar por algum tempo", lamenta Telma Zanon, proprietária de uma boutique. "Estava saindo ontem [anteontem] e percebi que o asfalto estava estranho", lembra.

O trânsito foi desviado para as duas pistas paralelas (ruas Nicolau Maeder e Campos Sales), inclusive os biarticulados que circulam pela canaleta. Apesar de a faixa exclusiva para os ônibus não ter sido afetada, a Defesa Civil optou pelo bloqueio para evitar trepidações no solo, o que aumenta o risco de novos deslizamentos. Embora o fluxo nas duas vias paralelas tenha aumentado, não houve congestionamento.

Até o início da noite de ontem, a Urbs ainda não tinha divulgado uma estimativa de tempo para a reabertura da parte não danificada da João Gualberto. Avaliações de técnicos que estiveram no local indicam que a rua permanecerá to­­talmente bloqueada ao menos até a próxima segunda-feira, mas o bloqueio poderá se estender por mais de duas semanas. Segundo a construtora, a recuperação da parte danificada vai levar 60 dias.

Hipóteses

Existem duas hipóteses para explicar a queda. A Novaes Chemin En­­genharia, empresa responsável pela obra, atribui o fato a um solapamento de terra, causado por infiltrações no solo abaixo da rua. "Quando nós levantamos a cortina [muro de arrimo que separa a construção e a rua no subsolo], a cratera não existia", afirma João Humberto Chemin, engenheiro da construtora.

O processo teria iniciado por causa de vazamentos de água da rede pluvial, que diminuíram a densidade do solo. Com isso, o asfalto cedeu e em seguida arrebentou a cortina. A Sanepar informou ter detectado ontem um vazamento na região, mas avalia que o rompimento ocorreu por causa do deslizamento.

Segundo o que a Gazeta do Povo apurou, uma outra hipótese foi aventada por técnicos ligados a órgãos da prefeitura. Os engenheiros, que não quiseram se identificar, não descartam a possibilidade de haver irregularidades na fundação da obra. Com isso, a cortina teria cedido primeiro, levando a terra e o asfalto para baixo.

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