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Guiar uma motocicleta pelas ruas dos grandes centros urbanos do Paraná está cada vez mais perigoso. Pelo menos é o que indicam as estatísticas de acidentes e mortes de 2006 envolvendo motos em Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu e Curitiba. Na capital, o número de ocorrências com motos no trânsito cresceu 4,3% no ano passado, segundo dados do Batalhão de Polícia de Trânsito de Curitiba (BPTran). Ao todo, 3.756 motocicletas sofreram acidentes, o que representa 31,7% do total de atendimentos feitos nas ruas pelo batalhão (11.849). Em 2005, foram 3.601 casos. O aumento de 4,3% afetou diretamente o número de óbitos de motoqueiros: foram 25 em 2006 – crescimento de 23,8%.

Para o diretor de Trânsito da Urbs, órgão que gerencia o trânsito e os transportes em Curitiba, Gilberto Foltran, o envolvimento de motos em acidentes é compatível com a expansão da frota, que cresceu 13,51% de um ano para outro. "O aumento da frota de motos caminha numa velocidade maior do que a de carros. É natural o maior número de envolvimentos, porque muitas pessoas compram a moto antes de saber pilotar com habilidade. É um veículo barato e o clima de Curitiba tem ajudado quem utiliza esse veículo", diz.

Gravidade

Mas quando se analisa a gravidade, os números de Curitiba ficam bem longe da situação constatada no interior do estado. Em Cascavel (região Oeste), os motoqueiros estiveram presentes em 42,5% dos acidentes, de acordo com a Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito da cidade. Já em Foz do Iguaçu, motocicletas foram responsáveis por aproximadamente 50% das ocorrências de trânsito com vítimas, segundo boletim do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (Siate).

Mas o caso mais grave está em Maringá (Norte do estado). Cerca de 70% dos acidentes envolvem motos, também responsáveis por 44% dos óbitos, segundo dados da Secretaria Municipal de Transportes. Dos 21 pedestres atropelados, por exemplo, dois terços foram por motocicletas. A violência no trânsito de Maringá é confirmada pelos próprios motoqueiros.

O entregador Altamir Armelin, 37 anos, trabalha com moto há 17 anos e comenta que todo motociclista já caiu alguma vez. Ele foi vítima em um acidente grave em 1998, quando foi fechado por um automóvel em um cruzamento, ficou ferido e perdeu parte dos movimentos do braço direito. Armelin trabalha para duas empresas e diz que anda com cautela nas ruas, mas nem sempre os motoristas respeitam as motos.

Já o motociclista Tiago Emerich Tavares, 24 anos, aprova uma fiscalização mais intensiva. Ele foi parado em uma blitz na semana passada e teve o veículo retido por estar com a seta quebrada e a documentação irregular. "É um trabalho excelente e pega quem está irregular", avaliou. Tavares prometeu que vai se adequar às normas para não ter mais problemas, já que usa a moto para trabalhar.

Para o mestre em Engenharia Urbana e professor do Centro Universitário Positivo (Unicenp), Alexandre Pires, a transformação da moto em ganha-pão aumenta o risco de acidentes. "Nesses casos, o tempo de viagem é um grande inimigo", aponta. Ele diz ainda que há um preconceito dos condutores de veículos sobre quatro rodas, que acham que todos os motociclistas são irresponsáveis e imprudentes. "Estamos acostumados com ultrapassagens pela esquerda e, de repente, alguém cruza pela direita com um veículo pequeno e rápido. Já vi motociclista ser fechado por ato irresponsável de um um motorista", afirma.

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