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Brasília (AE) – Às vésperas da reforma ministerial, é intensa a operação de bastidor em curso na tentativa de encaixar a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy na equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A pedido de Lula, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, sondou o presidente do PP, deputado Nélio Dias (RN), e o líder do partido na Câmara, Mário Negromonte (BA), sobre a possibilidade de um acordo para a legenda entregar o Ministério das Cidades. Em troca, ofereceu Agricultura. Não foi só: disse que o governo poderia compensar o PP com estatais à escolha da sigla. Tudo com o objetivo de abrir vaga para Marta em Cidades.

O problema é que o PP recusou a oferta, apresentada no dia 25 de fevereiro. Além disso, prometeu ir para a oposição, caso seja obrigado a ceder a cobiçada cadeira. "O PT não pode pôr a faca no pescoço do presidente Lula para ele voltar atrás em acordos nos quais já deu sua palavra", reclama Negromonte, expondo com todas as letras o racha na base aliada. "O Ministério das Cidades é nosso!"

Dona de temperamento explosivo e sem a mínima paciência para o que chama de "conversa mole", Marta foi taxativa: pediu a seu grupo que submergisse no burburinho sobre a reforma ministerial, prevista para ocorrer após a convenção do PMDB, no dia 11. Interlocutores acostumados a decifrar os humores do presidente garantem: o que ele não quer, mesmo, é parecer pressionado pelo PT.

Foi por isso que a cúpula do partido, enquadrada pelo Palácio do Planalto, mudou de estratégia.

Num recuo tático, guardou a lista das indicações que entregará a Lula, embora todos saibam que Marta está no topo, e decidiu trabalhar em silêncio. No último dia 28, por exemplo, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi flagrado pelo em animada conversa com Paulo Maluf (PP-SP), para sondar os seus interesses. De arquiinimigo no passado, Maluf é hoje muito próximo de integrantes do grupo de Marta. Ele garante, no entanto, não endossar qualquer plano para "rifar" Márcio Fortes, titular de Cidades.

Marta já é pré-candidata à eleição para a prefeitura em 2008 e alguns de seus discípulos articulam até aliança com o PP – o mesmo que disputa Cidades com o PT. Mas a ex-prefeita sonha com vôo mais alto: está de olho na sucessão de Lula em 2010. Por enquanto, ela não pretende abandonar os planos para o ano que vem, mesmo se virar ministra. Tem, em sua empreitada, o apoio do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, deputado cassado após o escândalo do mensalão.

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