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Gino, Eliete, Daphne e Sidinéia (à direita), que passará a se chamar Débora | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
Gino, Eliete, Daphne e Sidinéia (à direita), que passará a se chamar Débora| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Técnicos conseguem reduzir as "devoluções"

Cada criança devolvida à Vara de Adoção de Curitiba era como se uma batalha tivesse sido perdida. Casais levavam uma criança para casa e durante o tempo de guarda provisória os problemas surgiam. Não raro, a convivência acabava por destruir a expectativas de todos e, mais uma vez, a criança voltava para o abrigo com a sensação de abandono. Em 2007, os técnicos da Vara de Adoção se deram conta que precisavam fazer alguma coisa para mudar a situação.

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Novos pais precisam lidar com os medos

Quando o bancário Gino Rafael Oaida, 47 anos, e a esposa dele, a analista de sistemas Eliete Oaida, 38 anos, decidiram adotar uma criança maior, estavam cheios de medo. Eliete temia em relação à educação escolar. "Tinha medo que a criança não conseguisse acompanhar", diz. Para Gino Rafael, o maior problema poderia ser o relacionamento. "Tinha medo que a criança não aceitasse nosso estilo de vida, ficasse revoltada. Depois percebi que isso pode acontecer com o filho biológico também", conta.

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  • Veja que quando maior a idade, menor são as chances de adoção

De repente, adotar uma criança com mais idade deixou de ser problema. Pretendentes à adoção já não querem apenas bebês e passaram a se interessar também por meninos e meninas maiores de 4 anos. O comportamento de fingir perante a sociedade que a criança adotada é filho biológico tem sido posto de lado. E o interesse pela adoção tardia (como é chamada a opção por crianças acima de 4 anos) cresceu tanto que a Vara de Adoção de Curitiba teve de criar um curso preparatório exclusivo para esse público.

De acordo com a assistente social da Vara de Adoção de Curitiba, Salma Corrêa, o quadro começou a mudar e a tomar esses contornos há cinco anos. Não há números específicos sobre a adoção tardia. Sabe-se, contudo, que a demanda cresceu tanto que a Vara de Adoção promove dois cursos por ano, com 20 casais cada, em média, para preparar os pretendentes que vão receber uma criança já com história e perfil comportamental definidos.

Apesar do princípio de mudança, a preferência por bebês e crianças pequenas ainda ganha disparado. Dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) mostram que 80% dos pretendentes a adoção só se interessam por crianças de até 3 anos de idade. Mesmo assim, a cada dia os profissionais que trabalham com adoção percebem que o perfil de criança desejada pelo adotante (pretendentes a adotar uma criança), aos poucos, está se tornando mais variado.

Não são raras as histórias de pretendentes que se se inscreveram no CNA para adotar bebês e crianças pequenas e, após frequentarem cursos, palestras e conhecer a realidade das crianças que moram em abrigos, perdem o medo do desconhecido e gradativamente vão aumentando a idade do filho a ser adotado. O bancário Gino Rafael Oaida, 47 anos, e a esposa dele, a analista de sistemas Eliete Oaida, 38 anos, são exemplo disso.

Há três anos, com uma filha biológica então com 7 anos, Eliete e Gino resolveram que aumentariam a família adotando uma irmã para Daphne. Decidiram que o ideal era uma criança que tivesse uma idade semelhante à dela, para que pudessem ser companheiras. Resolveram se candidatar à adoção de uma criança entre 4 e 6 anos. Fizeram o curso específico para adoção tardia na Vara de Adoção de Curitiba, ficaram mais confiantes e ampliaram a idade até 8 anos. Eis que apareceu Sidinéia, então com 9 anos. Não hesitaram. "Na primeira visita eu já olhei para ela e pensei ‘é minha’", conta Eliete.

Hoje, Sidinéia Alves Machado está prestes a passar a ser chamada de Débora Oaida – o processo de adoção está concluído e a família Oaida aguarda apenas a assinatura da juíza. Os Oaida a conhecem há pouco tempo – não mais que seis meses –, mas a família já não sabe viver sem ela. "Ela é uma menina que já passou por um mal tempo antes de ir para o abrigo. Eu admiro ela", diz a mãe adotiva.

A família Oaida faz parte do novo perfil de adotantes. "Hoje, adotar está se tornando algo natural, uma outra maneira de ter filho. Não é mais uma temeridade se todos ficam sabendo que o filho é adotado", explica Salma. De acordo com os técnicos da Vara de Adoção de Curitiba, os pretendentes que se interessam por adotar crianças maiores, normalmente, são os solteiros, casais mais velhos, os que já têm filho biológico ou tiveram experiências próximas positivas relacionadas à adoção.

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