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No segundo ano de vigência do sistema de cotas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o número de candidatos cotistas reconhecidos pela instituição cresceu. Em 2005, 27% do total de aprovados por cotas corriam risco de perder a vaga na avaliação para confirmar se o candidato é realmente negro ou oriundo de escola pública. Esse ano, apenas 7% dos 1.111 aprovados tiveram os registros de matrícula indeferidos após julgamento da banca especial.

O reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior, acredita que houve maior conscientização dos candidatos às cotas raciais em relação às regras. Segundo ele, ano passado ainda havia confusão sobre as vagas serem destinadas a afrodescendentes. "As vagas são para negros. Algumas pessoas perceberam que não adiantava se inscrever porque o processo de avaliação é sério e rigoroso", avalia.

No ano passado, 122 estudantes tiveram os registros de matrículas indeferidos por problemas relacionados ao fenótipo (traços raciais). Ou seja, os julgadores da Comissão de Verificação das Cotas Raciais consideraram que esses estudantes que se declaram negros não apresentavam os traços raciais necessários. Desses, 106 recorreram e 70 tiveram as matrículas confirmadas. Esse ano, apenas 30 estudantes não foram reconhecidos pela banca especial. Todos recorreram.

Entre os cotistas sociais (alunos de escola pública), a média de 6% de matrículas rejeitadas no Vestibular de 2006 é igual a do ano passado. Moreira Júnior acredita que a falta de atenção dos concorrentes em relação aos critérios fez o índice se manter. A maioria, 36 candidatos, teve o registro de matrícula indeferido porque em algum momento da vida estudou em escola particular. Até o ano passado, mesmo quem tivesse estudado um ano em instituição privada era aceito para as vagas das cotas. Esse ano, as regras mudaram.

Todos os 59 candidatos que entraram com recurso para tentar reverter o indeferimento ficarão sabendo se são ou não calouros da Federal amanhã, quando a UFPR divulga a lista da segunda chamada.

Segundo o reitor, os candidatos ainda se confundem sobre o que o conceito adotado pela UFPR de escola pública. "Teve gente que estudou em escola privada com bolsa e se candidatou para as cotas. Isso não conta, o que queremos é reforçar o acesso de alunos oriundos realmente de escola pública", explica. Para o reitor, a confusão explica o fato de 31 candidatos terem deixado de fazer o registro de matrícula e outros 23 não terem entrado com recurso para reverter o indeferimento.

Na opinião do presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Arilton Feres, o critério adotado pela UFPR está correto. "A idéia é dar oportunidade para os que têm menor força de renda mesmo, que nunca tiveram condições de pagar nem um ano de cursinho", avalia. Por outro lado, a maioria das escolas comunitárias oferecem ensino gratuito e os alunos oriundos delas não podem concorrer como cotistas. Segundo Feres, excepcionalidades como essa podem ser estudadas.

De acordo com o reitor, os resultados obtidos nos dois primeiros anos de implantação do sistema devem ser apresentados ao Conselho Universitário ainda em 2006. A idéia é fazer uma avaliação para verificar a necessidade de mudanças.

Apesar do índice de indeferimento de matrícula ter caído, dados como o não preenchimento das vagas disponíveis por cotistas raciais esse ano, podem motivar adequações. De acordo com Moreira, uma alternativa pode ser adotar o sistema implantado pela Universidade Estadual de Londrina(UEL). A instituição reserva 40% das vagas para alunos de escolas públicas. A metade disso é disponibilizada para estudantes negros. Se as vagas não forem preenchidas, podem ser ocupadas pelos que concorrem pela cota social.

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