• Carregando...
 |
| Foto:

Relacionamento

Proporção de divorciados quase dobrou em dez anos, segundo o IBGE

O empresário Luiz Campriglia, 40 anos, vive em casa com uma menina de um ano e um menino de 8 anos. Ela é filha do seu relacionamento com a produtora Aline Prado, 29 anos, com quem se casou há três anos; já o garoto é filho do primeiro casamento dela. Segundo o Censo 2010, que investigou pela primeira vez o tema, quase um sexto (16,2%) dos lares habitados por casais com filhos contam com a presença de filhos de relacionamentos anteriores.

Para a pesquisadora Ana Lúcia Saboia, do IBGE, isso se deve ao aumento do rompimento de relações conjugais no país. A proporção de divorciados quase dobrou em dez anos, passou de 1,7% da população brasileira para 3,1%. Os casados caíram de 37% para 34,8%.

Quando essas pessoas já têm filhos e se unem a novos parceiros, dão forma ao que os especialistas chamam de "famílias reconstituídas". "É cada vez mais comum que os casamentos hoje venham com um pacote", diz Ceneide Cerveny, professora de psicologia da PUC-SP.

Para ela, isso originou a figura dos "coirmãos" – que, diferentemente dos meios-irmãos, não têm laços sanguíneos, mas são criados juntos.

Homossexuais

Outro dado inédito mostrou que a maior parte dos 60 mil casais gays (53,8%) são formados por mulheres. Foi a primeira vez que o IBGE pesquisou casais do mesmo sexo, ao indagar no questionário do Censo o sexo do cônjuge do chefe da família. Pouco mais de um quarto (25,8%) tinha curso superior completo, índice bem superior à média nacional, de apenas 8,3%. Para Júlio Moreira, presidente da ONG Grupo Arco-Íris, questões culturais explicam o fato de as mulheres se "assumirem mais" quando estão numa relação estável.

Um novo perfil da família brasileira está desenhado nos dados do Censo 2010. Cresceram as uniões informais, os casais sem filhos e os casamentos inter-raciais. Também há mais separações e divórcios. Pouco mais de um terço dos brasileiros que vivem algum tipo de união conjugal não formalizou o casamento nem no civil nem no religioso. A chamada união consensual foi a única que teve crescimento na década 2000-2010, passando de 28,6% para 36,4%. A proporção de pessoas casadas no civil e no religioso caiu de 49,4% para 42,9% na década.

"O casamento informal era mais concentrado na Região Norte e entre casais de baixa renda. Agora, está mais disseminado. É comum a decisão de passar por uma experiência antes de contrair matrimônio. Existe também uma questão econômica, já que a união consensual requer menos gastos, não só com a festa, mas com todas as formalidades. Houve uma mudança cultural, iniciada pelos jovens", diz Ana Lúcia Saboia, do IBGE.

Um cenário bem diferente do que viveu a consultora pedagógica Priscila Monteiro, "juntada" com o marido, José Costa, há 22 anos. Naquela época, conta ela, a decisão de não se casar significava uma posição ideológica. "Eram só os considerados alternativos que faziam isso, os mais intelectuais, que eram contra a regra do sistema", diz ela.

Hoje, até dentro da Igreja esse tipo de união tem crescido. Quase quatro em cada dez católicos casados (37,5%) não passaram por qualquer cerimônia institucional. Em 2000, eram 28,7%.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]