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Obras na Lourenço Pinto levam pavimentação de concreto. Se bem aplicado e com manutenção, o material pode durar até 30 anos. No Brasil, apenas 2% a 3% das vias são feitos em concreto, volume que chega a 20% no exterior. | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Obras na Lourenço Pinto levam pavimentação de concreto. Se bem aplicado e com manutenção, o material pode durar até 30 anos. No Brasil, apenas 2% a 3% das vias são feitos em concreto, volume que chega a 20% no exterior.| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
  • Vantagens e desvantagens

De dez anos para cá, a quantidade de vias pavimentadas com concreto tem aumentado em Curitiba. Nos últimos meses, então, nem se fala. As duas principais obras viárias em curso na cidade – implantação da Linha Verde e revitalização da Marechal Floriano Peixoto – estão sendo feitas com o material. Mas, depois de décadas de uso de asfalto quase que em 100% dos casos, a discussão é: há realmente necessidade de concretar tudo? Ou, o concreto é realmente o material mais indicado?

De acordo com os especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, o pavimento rígido (concreto) é indicado para vias de tráfego pesado, terreno ruim, locais de muita frenagem, de baixa velocidade ou de estática (veículos estacionados). Já o pavimento flexível (asfalto) é mais indicado para vias com tráfego mais leve e para terrenos bons.

Diferenças

Uma diferença essencial entre os dois tipos de pavimentação é o custo. Enquanto a pavimentação asfáltica custa, em média, R$ 1 milhão por quilômetro, a pavimentação de concreto fica em R$ 1,3 milhão por quilômetro, aproximadamente. O custo inicial do concreto, segundo os especialistas, é recuperado a longo prazo, já que a vida útil do pavimento de concreto é de, no mínimo, 20 anos. Já o asfalto dura, sem intervenção, cerca de dez anos.

"Quando se fala em razão custo/benefício, o pavimento em concreto, desde que bem dimensionado e executado, oferece vantagem principalmente na sua durabilidade, que geralmente ultrapassa a 30 anos, com alguma manutenção", afirma o professor das disciplinas de Pavimentação e Estradas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Lucas Bach Adada.

Seria o caso, então, de trocar toda a pavimentação asfáltica pela de concreto portland (o mesmo usado nas canaletas e nas novas obras)? De acordo com os entrevistados, não. "Não adianta pôr em tudo, porque, senão houver muito movimento, não haverá retorno do custo inicial", explica o vice-presidente técnico do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), Marcelo Araújo Brandão. "Em locais de grande variação topográfica, o pavimento asfáltico é mais indicado."

"Os pavimentos asfálticos têm seu campo de uso mais amplo, podendo cobrir vias urbanas e rodovias de tráfegos leves a pesados. Na condição de tráfego pesado podem ser adotadas misturas asfálticas especiais, capazes de melhor resistir às deformações permanentes", explica o professor titular do departamento de transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Djalma Martins Pereira.

No Brasil, apenas de 2% a 3% das vias são feitas em concreto, enquanto que no exterior esta porcentagem chega a 20%. A dificuldade para a implantação do pavimento de concreto, aliado ao fato de que o crescimento da indústria do petróleo favoreceu a utilização do pavimento asfáltico, pode explicar este percentual no país. Segundo os especialistas, o pavimento de concreto exige maior controle na hora de ser aplicado, pois, se mal executado, é mais difícil de repará-lo.

Erros

De acordo com Pereira, os insucessos em obras de pavimentação em concreto têm ocorrido no Brasil de forma mais intensa do que o eeperado, normalmente associados a erros construtivos e/ou deficiências no controle tecnológico. "No campo dos pavimentos de concreto, a esperada vida superior a 20 anos não ocorreu em obras emblemáticas, como por exemplo o Rodoanel de São Paulo, trecho Oeste, com um mau desempenho com cerca de quatro anos de exposição ao tráfego", afirma.

Mesmo em Curitiba há exemplo de pavimentação de concreto com problemas. É o caso da Avenida Mascarenha de Moraes. Entregue no início do ano passado pela empreiteira, apresentou, já em seu primeiro ano de uso, trincas e desagregações. De acordo com o professor do departamento de transportes da UFPR e consultor da prefeitura, Mário Henrique Furtado Andrade, houve problema com a execução da pavimentação de concreto e com a qualidade do material usado. "Mas são problema bem pontuais", esclarece.

Segundo a prefeitura, neste caso, a empreiteira deve fazer os reparos necessários. Contudo, ainda não há data prevista para a obra. Conforme a assessoria de imprensa da prefeitura, a própria empreiteira vencedora da licitação é responsável pela compra do concreto e pela execução da concretagem. Cabe à prefeitura fiscalizar. O pagamento da obra é feito por etapas e só depois de o trecho ser aprovado. Dessa forma, a empreiteira responsável pela obra na Mascarenha de Moraes, segundo a prefeitura, só será paga pela última etapa depois que os reparos forem concluídos.

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