Os hospitais que prestam atendimento a queimados têm motivo dobrado neste mês para se preocupar: festas juninas e Copa do Mundo. Isso porque, para muitas pessoas, soltar fogos de artíficio faz parte do ritual de preparação e comemoração para as duas ocasiões. O momento de diversão, entretanto, pode trazer transtornos para a vida toda. É isso que os profissionais de saúde do Hospital do Trabalhador (HT), em Curitiba, pretendem mostrar por meio de uma campanha de conscientização sobre os riscos de acidentes com fogos.
Mensalmente, o HT realiza duas cirurgias, em média, em vítimas de fogos de artifício. Mas a expectativa é de que neste mês esse número suba para 15 atendimentos, em função da Copa do Mundo e das festas juninas.
Alerta
A média atual de atendimentos pode parecer pequena. Para se ter a dimensão real do problema é necessário analisar o impacto de um acidente com fogos na vida da pessoa. "As lesões são graves e definitivas. Na maioria das vezes, tem de ser feita a amputação de dedos ou até da mão", afirma o chefe de cirurgia do HT, Cláudio Bonamin. De acordo com o médico, os dedos polegar, indicador e médio são os mais atingidos. Além disso, são comuns lesões do globo ocular, de face e de ouvido. "São lesões irreparáveis. Num segundo a pessoa se transforma num problema social grave, já que não pode mais trabalhar", diz Bonamin.
A campanha do Hospital do Trabalhador, de acordo com ele, é radical. "Alertamos para que as pessoas não utilizem fogos de artifício de maneira nenhuma", diz. Já o Corpo de Bombeiros, por meio de sua assessoria de imprensa, informa que até é possível utilizar fogos de artifício se todas as precauções de segurança forem tomadas e as instruções do fabricante seguidas.
"O que dá mais problema é quando as pessoas soltam os fogos na mão. Hoje, eles vêm com bases", explica o proprietário da Fogos Lanza Show e Espetáculos, Moisés Lanza. De acordo com ele, o costume de lançar o foguete na mão é que tem de ser combatido. Além disso, é necessário que se verifique a procedência do produto, procurar lojas especializadas, tomar cuidados com a estocagem, evitando lugares úmidos, e seguir as instruções do fabricante. "Bebida alcoólica e fogos de artifício também não combinam", lembra Lanza.
As 18 lojas de Curitiba que fazem parte da Associação Industrial e Comercial de Fogos de Artifício do Paraná pretendem vender juntas 80 mil caixas do foguete 12x1, o mais procurado nesta época. "Torcemos duplamente pelo Brasil", diz Lanza, acrescentando que as vendas serão maiores se a Seleção vencer. Para o proprietário da Aymoré Fogos de Artifício, Rodolfo Aymoré Júnior, este ano é como se tivesse dois reveillons.
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