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Atender o telefone celular ao volante, não usar o cinto de segurança e estacionar de forma irregular foram as infrações de trânsito que mais cresceram na capital em 2006, de acordo com a Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran). Só o número de multas aplicadas por uso de celular na direção cresceu 21,08% comparado com 2005. O estacionamento incorreto – irregularidade que inclui erros no preenchimento ou ausência de bilhetes do EstaR (sistema de cobrança de estacionamento nas ruas centrais) – cresceu 20,28% de um ano para outro. Já a falta de cinto de segurança gerou 18,28% mais multas.

As três infrações representam 32% do total de notificações por infrações no trânsito em Curitiba. Em 2006, foram 431.153 multas aplicadas. Destas, 96,59 mil foram por estacionamento irregular, 22,6 mil por uso do telefone ao volante e 8,82 mil por falta de cinto.

O aumento de multas por uso de celular ao volante é uma tendência, explica o diretor de trânsito da Urbs, empresa que gerenciam o trânsito em Curitiba, Gilberto Foltran. "As pessoas não conseguem se desvincular do celular e não deixam de atender uma ligação mesmo sabendo que há o identificador de chamadas para poder retornar depois", afirma. Já a não utilização do cinto acontece principalmente com os passageiros. "Mesmo que o motorista cobre o uso, tem gente que diz que não tem nada a ver e não vai pôr", aponta Foltran. O estacionamento irregular tem outra explicação: a frota crescente. Em 2006, foram contabilizados 963.494 veículos na capital, contra 907.154 em 2005. "A frota é absurda em Curitiba. Aliado a uma fiscalização mais apertada, esse aumento influencia no estacionamento irregular. As pessoas param rapidinho para não perder tempo buscando uma vaga e acabam sendo pegas pelos agentes", explica Foltran

Psicologicamente, o aumento é explicado pela coordenadora do Núcleo de Psicologia no Trânsito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Iara Thielen: todos acham que nunca serão pegas pela fiscalização. "As pessoas pensam que não se distraem ao atender o celular, que a atenção delas jamais é diminuída. Aí que mora o perigo", aponta a coordenadora. O retorno lento de uma infração foi outro motivo apontado pela coordenadora para o aumento das infrações. "Em alguns casos, a multa demora a chegar e ainda dá para entrar com recurso. E ainda há aqueles que repassam os pontos para a carteira de terceiros", explica.

Além da questão comportamental, a frota de veículos tem relevância significativa, aponta o professor de Engenharia dos Transportes do Centro Universitário Positivo (Unicenp), Luiz Cláudio Baras. "Houve um acesso maior à compra de veículos, o que aumenta absurdamente a frota de Curitiba. Tem muita gente comprando carro e não está preparado para dirigir", explica.

O excesso de velocidade, que ainda representa o maior número de multas aplicadas na capital (foram 240,6 mil de um total de 431.153 multas, o que representa 55,82%), registrou queda de 5,11% em 2006, se comparado com o ano anterior.

Para Foltran, a redução no excesso de velocidade – que manteve a queda registrada em 2005, de 16,6% se comparada com 2004 – deve-se principalmente pela sinalização dos radares com riscos verdes nas rodovias. A medida foi tomada em abril do ano passado e facilita a identificação dos 110 radares da capital. "A sinalização foi muito importante para a redução nas multas, porque o motorista sabe que tem que tomar cuidado. Além disso, a fiscalização está mais intensa", aponta Foltran.

A redução das multas por excesso de velocidade, explica o diretor, influencia diretamente na redução de acidentes: foram 11.849 acidentes nas ruas da capital em 2006, contra 12.503 no ano anterior, segundo dados do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran). Entretanto, acredita Foltran, a tendência é de que as multas por excesso de velocidade aumentem um pouco com o passar dos anos. "As pessoas acabam se acostumando com a sinalização e se descuidam", afirma.

Além do excesso de velocidade, outras duas infrações tiveram queda. As conversões proibidas caíram 28,88%, em 2006, depois de terem aumentado 43,35% em 2005. O mesmo aconteceu com as multas por avanço no sinal vermelho, que caíram 17,04%. No ano anterior, havia sido registrado um crescimento de 49,46%. "Não há uma explicação lógica para esse tipo de variação, mas, com certeza, as campanhas educativas tiveram influência nessa redução", afirma Foltran.

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