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O menino Alcides Fortunato Junior, de 3 anos, morreu domingo à noite após cair da janela do apartamento onde morava com a mãe e dois irmãos, no sexto andar de um prédio na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua dos Gusmões, no centro de São Paulo. A mãe, Sheila Alves Moreira, de 25 anos, que trabalhava na portaria do edifício no momento da queda, disse à polícia que o garoto fora deixado dormindo no apartamento aos cuidados do irmão J., de 12 anos. O menino mais velho, porém, "resolveu descer para sair" e deixou as chaves com a mãe na portaria. Instantes depois, Alcides foi encontrado caído na calçada. O caso foi registrado no 3º Distrito Policial (Santa Ifigênia) como morte suspeita.

Segundo Sheila, o menino dormia em uma cama encostada à parede onde fica a janela. Não havia grade nem tela - apenas um dos apartamentos do Edifício das Andorinhas, construído na década de 1960, com 19 andares, tem a proteção.

Entre o térreo do edifício e o primeiro andar de apartamentos há uma marquise de cerca de 2 metros de largura - o garoto, porém, foi encontrado no chão, a cerca de 3,5 metros da base do edifício. Na marquise não havia marcas de sangue. Peritos do Instituto de Criminalística estiveram no local entre as 23 horas de ontem e 4 horas de hoje - o laudo deverá ser concluído em 30 dias.

Da portaria onde a mãe estava não era possível ver o local onde a criança caiu. Ao perceber a movimentação de polícia, Corpo de Bombeiros e Guarda Civil Metropolitana, Sheila deixou o posto de trabalho. "Ela viu o corpo no chão e perguntou três vezes: ‘É meu filho?’ Quando percebeu que era mesmo, se desesperou, queria pegar o menino no colo, chorava muito", disse Márcio de Souza Junior, recepcionista do hotel que fica ao lado do prédio. Ele chegava ao trabalho quando viu "um vulto negro caindo no chão". "Só ouvi um barulho bem forte, acho que ele caiu direto no chão, não vi bater na marquise", disse o recepcionista. Alcides - chamado pela família de Juninho - foi socorrido, mas morreu a caminho da Santa Casa, na região central

Em estado de choque, Sheila passou a noite no hospital e foi liberada pela manhã - ficou o resto do dia em casa, sob efeito de medicamentos. Ela e os filhos vivem no local há cerca de quatro meses, quando vieram de Santa Catarina. O pai do garoto, Alcides Fortunato, vive no Sul e chegou a São Paulo por volta das 14 horas de hoje, para acompanhar o enterro.

Irene Alves Moreira, avó materna de Alcides, é síndica e zeladora do edifício. Emocionada, ela classificou a ocorrência como "fatalidade". "O menino não costumava subir na janela. Deve ter acordado, se sentido sozinho e... Ninguém podia prever", disse.

QUEDAS

Queda é a principal causa de internações entre as crianças de 0 a 5 anos no Brasil. Pesquisa feita pelo Ministério da Saúde com quase 6 mil crianças hospitalizadas em 2005 mostra que 81% das internações foram causadas por tombos (de qualquer altura). A maior parte das quedas (95%) ocorreu na casa da própria criança ou de conhecidos.

Além disso, as mortes de crianças de 1 a 4 anos causadas por acidentes deste tipo ocupam o quinto lugar no ranking da mortalidade infantil, perdendo para afogamentos, sufocamentos, acidentes de trânsito e atropelamentos.

Segundo o Ministério da Saúde, 310 das 5.808 crianças pesquisadas morreram em 2005 após caírem - o equivalente a 5% dos casos. Entre essas mortes, 36 (12%) foram provocadas por quedas de edifícios ou de outras estruturas.

Para a coordenadora da ONG Criança Segura, Ingrid Stammer, 90% das quedas e das mortes poderiam ser evitadas. "Quando conversamos com os pais sobre as principais preocupações deles com os filhos, os tombos não são citados. As crianças, inclusive as de 8 a 10 anos, são vulneráveis e precisam de atenção o tempo todo", diz a coordenadora.

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