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Quanto mais a idade avança, mais difícil é para uma criança conseguir ser adotada. E o pior desta realidade é saber que o problema está sendo criado, muitas vezes, pela própria Justiça. A demora na destituição de pátrio poder é um fator negativo para a criança, que pode perder a oportunidade de ser adotada o quanto antes. Em três casas-lares pesquisadas, a maioria dos abrigados aguarda o processo de destituição, e alguns deles já estão ficando com idade muita avançada para conseguir facilmente uma nova família.

Um casal de irmãos chegou ao Lar Dona Vera há quatro anos e ainda continua lá porque o processo não foi julgado. Quando foram retirados dos pais biológicos, a menina era recém-nascida e o irmão tinha 6 anos (hoje ela tem 4 e ele 10 anos). A decisão judicial está para sair dentro de alguns dias, mas, por causa da idade, os irmãos provavelmente terão dificuldades para conseguir um novo lar. "Quem quer adotar prefere normalmente os menores. E, como eles são irmãos, devem ser adotados juntos, o que pode complicar ainda mais", afirma a presidente do abrigo, Mônica Saturnino Tindó. Só no Lar Dona Vera são 15 crianças e existe apenas uma que já está em condições de ser adotada. As outras esperam a decisão da Justiça.

No Lar Lisa o problema é o mesmo. São 25 crianças abrigadas e apenas 3 conseguiram, até agora, a destituição. "Hoje en­­frentamos uma outra realidade em Curitiba. Com a mudança de competência das varas, o processo está mais lento", afirma a presidente e fundadora do Lar Lisa, Marta Ortiz. Ela se refere a uma alteração que ocorreu no ano passado: antigamente a 1.ª e a 2.ª Vara da Infância e da Ju­­ventude dividiam os processos (poderiam tomar medidas de proteção e julgar os casos). Agora uma vara pede a destituição e a outra julga – como não é a mesma vara que cuida do caso do início ao fim, o juiz precisa de mais tempo para se inteirar do processo. "Está tudo amarrado. Tenho uma menina que chegou com 9 meses e o caso dela foi julgado apenas agora, quando ela já está com 2 anos e 4 meses", diz Marta. Outro exemplo de processos que ainda esperam a agilidade da Justiça é o Lar Moisés, que tem 18 crianças: apenas uma foi destituída da família biológica e outras 12 estão com o processo encaminhado, mas ainda sem solução. Para as demais, nem processo foi criado.

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