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Cemitério São Pedro: crianças redigiram mensagens para familiares falecidos e plantaram flores em homenagem a eles | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Cemitério São Pedro: crianças redigiram mensagens para familiares falecidos e plantaram flores em homenagem a eles| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Significado

Rituais fúnebres marcam o fim da vida

Da Redação

Todas as religiões têm ritos fúnebres para o fim da vida. É o que diz a antropóloga Lara Amorim, professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em entrevista à Agência Brasil."Não é necessariamente um culto, mas um ritual que dá significado a alguma coisa diferente do cotidiano. A morte é um momento de quebra e os ritos dão significado a isso." A visão de ruptura varia com a "cosmologia" de cada cultura, diz Lara ao se referir às diferentes percepções que fundamentam as explicações sobre a vida. "Essas ideias de purgatório e paraíso, por exemplo, não existem para a umbanda e o candomblé."

O Dia de Finados tem origem no cristianismo e é celebrado oficialmente pela Igreja Católica desde o século 10. "É uma especificidade da liturgia católica, que tem a crença da ressurreição", explica a antropóloga. "O hinduísmo e o budismo, por exemplo, sempre fazem culto aos antepassados, mas não há uma data específica como Finados para isso", lembra.

Lara Amorim ainda assinala também as diferenças entre o catolicismo e a cultura indígena. "Para os índios, quem morre não vai para o céu. As sociedades tribais acreditam que o espírito continua existindo, e está na natureza", lembra. Segundo ela, as pessoas que morreram são vistas nos sonhos pelos indígenas e, como não existe naquelas culturas a separação entre consciente e inconsciente, há um sentimento da permanência dos espíritos entre eles.

Ana Júlia Ribeiro, 8 anos, nasceu no ano em que a tia Zeni faleceu. Ontem, ela prestou uma homenagem à tia escrevendo uma mensagem numa plaqueta branca que foi colocada no jardim central do cemitério Parque São Pedro, no bairro Umbará, em Curitiba, onde Zeni está enterrada. "Eu escrevi que gostaria que ela ainda estivesse aqui", contou. A atitude da pequena foi exemplo para o outro sobrinho Matheus Gabriel Ribeiro, seis anos mais novo. "É uma forma de envolver às crianças nas homenagens que fazemos todos os anos", disse Maria Lúcia Antosco Ribeiro, 39 anos, mãe de Ana Júlia e irmã de Zeni.Durante o dia todo, as crianças que visitaram o cemitério puderam lembrar dos que já se foram também plantando uma flor. Cerca de mil flores e plaquetas foram distribuídas. Os pequenos visitantes puderam, ainda, usar materiais como cola, tintas e pincéis para desenhar uma mensagem para os parentes e conhecidos falecidos. As atividades destinadas ao público infantil fazem parte da iniciativa que a administração do cemitério tem adotado no Dia de Finados para minimizar a sensação de luto dos visitantes. "As atividades terapêuticas têm o objetivo de lembrar os mortos, mas não com tristeza e, sim, como uma forma de homenageá-los", explicou o diretor de marketing, Ronaldo Vanzo.

Brincadeiras

Em outro cemitério particular, um espaço destinado às crianças garantiu sorrisos no Dia de Finados. A mãe Reneide Feitosa, 32 anos, deixou as filhas Renata e Jéssica brincando enquanto visitava o túmulo do seu tio no Cemitério Vertical, no bairro Tarumã, em Curitiba. "Também consegui assistir à missa", acrescentou. Quando foi buscar as meninas, elas estavam sendo pintadas no rosto. Ao redor, outras crianças brincavam na cama elástica, na mesa de pebolim, na piscina de bolinha ou ainda jogavam tênis de mesa. No Espaço Criança Feliz também não faltou guloseimas. Foram distribuídos pirulitos, balas, algodão doce e refrigerantes para a crianças. Elas ainda puderam assistir teatro, ouvir histórias e rir das piadas dos palhaços. De acordo com o diretor do cemitério, Carlos Camargo, a ideia de oferecer um espaço destinado às crianças veio de uma pesquisa. O levantamento apontou que as pessoas deixavam de visitar o local no Dia de Finados por causa dos filhos. "Pelo segundo ano estamos prestando o serviço e, pela procura, o espaço será consolidado", comentou.

Em toda a Curitiba, a expectativa da prefeitura era de que 100 mil pessoas visitassem os 22 cemitérios da cidade. Ônibus extras circularam pela cidade e região metropolitana. A atuação dos guardas municipais e agentes da Diretoria de Trânsito (Diretran) também foi reforçada.

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