O professor doutor Cézar Bueno, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), câmpus de Londrina, diz que a criminalidade está organizada à maneira de uma indústria que opera na ilegalidade, não só no Brasil, mas no mundo. É justamente esse sistema que faz a violência chegar até mesmo em pequenas cidades do estado que se precisa combater. "É uma indústria de controle do crime com donos, acionistas que envolvem produção, distribuição e consumo", afirma.
Segundo ele, essa indústria começa com o tráfico de maconha e cocaína, mas também agrega valores ao traficar armas e praticar roubo de cargas. "É uma indústria que tem mercado, dono, funcionários envolvidos e faz um processo de cooptação de autoridades. Essa prática está definitivamente instalada na sociedade e pode operar por segmentos", diz.
A organização criminal, segundo o professor, tem grande mobilidade. "De repente, torna-se mais conveniente fazer uma ação planejada em curto prazo em uma cidade que tem pouca polícia", exemplifica. "O grupo faz o que tem de fazer e evacua o local rapidamente. Ele se instala por todos os cantos possíveis e imagináveis e envolve desde grandes cidades, passando por médias e pequenas. Por isso, esse grau elevado de insegurança e medo que toma conta da sociedade, desde a zona rural até a zona urbana."
O professor também diz que está havendo aumento da pobreza nos pequenos municípios onde se perde a capacidade de produzir riqueza, hoje concentrada nas grandes e médias cidades. Parte da juventude que fica nessas cidades não tem opção de trabalho e acaba sendo recrutada para atender à demanda ilegal da indústria de controle do crime.



