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"Se deixarmos morrer Kyoto, vai morrer o único acordo com metas obrigatórias existente. E nunca mais vamos ter outro, só voluntário."

André Corrêa do Lago, embaixador, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty e principal negociador brasileiro na COP-17

A 17.ª Conferência das Partes sobre o Clima começa hoje já acuada pela possibilidade de fracasso. Em meio à mais séria crise econômica dos últimos anos, a COP-17, em Durban (África do Sul), precisa definir o futuro dos acordos sobre emissões de poluentes que afetam o clima. Uma decisão que envolve investimentos, mudanças na produção e financiamento a países mais pobres – temas longe das prioridades dos países desenvolvidos.

"Não há dúvida de que a crise econômica tem um efeito muito grande. Com ela, a preocupação com o futuro do planeta diminui. Essa agenda passa a ter muita dificuldade de encontrar espaço", avalia o embaixador André Corrêa do Lago, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty e principal negociador brasileiro na COP-17.

Mesmo sem reunir uma centena de chefes de estado, como Copenhague, em 2009, a COP-17 é considerada uma reunião-chave. Seu tema principal será a definição da segunda parte do Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, que prevê metas obrigatórias de redução de emissões para os países desenvolvidos, em comparação com 1990. A primeira parte do protocolo acaba em 2012. Durban seria a chance de aprovar esse segundo compromisso a tempo de que seja ratificado no ano que vem e entre em vigor antes da primeira parte expirar.

Mas essa possibilidade já nasce moribunda. Os EUA, maior emissor de gases-estufa, nunca assinou Kyoto. Por isso, em Copenhague os norte-americanos defenderam um novo acordo global, com metas obrigatórias também para os emergentes – proposta logo aceita por diversos países ricos, mas rechaçada com veemência pelos mais pobres. Nos dois últimos anos, nada mudou nesse cenário.

Ao contrário, o risco de aprofundamento da crise financeira deixa os governos mais refratários à ideia de conter emissões, investir em modelos de produção mais verdes e ajudar os mais pobres. "Se deixarmos morrer Kyoto, vai morrer o único acordo com metas obrigatórias existente. E nunca mais vamos ter outro, só voluntário", analisa Lago.

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