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Maria Simpliciana e Altevir Kinap moram na praia há 22 anos e usam proteção para qualquer atividade sob o sol | Felipe Less/Gazeta do Povo
Maria Simpliciana e Altevir Kinap moram na praia há 22 anos e usam proteção para qualquer atividade sob o sol| Foto: Felipe Less/Gazeta do Povo

Sensação de sede diminui

Outro problema que os idosos sofrem no verão é a desidratação. O médico e professor de geriatria da PUCPR José Mario Tupiná Machado explica que, com o envelhecimento, a proporção de água do organismo diminui. "Há redução do compartimento hídrico no corpo ao longo da vida. Com isso, a pessoa está cada vez mais próxima do limite de não se adaptar à perda de líquido, como pela transpiração, por exemplo." Ele diz que o organismo tem uma reserva funcional, onde está a água que não está sendo utilizada no metabolismo. Com a idade, esta reserva diminui. "É preciso ter muito cuidado com a perda de líquido em situações como suor excessivo, vômito ou diarréia, que é mais grave e mais difícil de controlar", alerta.

Além de reduzir a reserva de água, a idade afeta a percepção do nível de hidratação do organismo. "Aos 40 anos, uma pessoa sente sede quando o corpo precisa de água. A percepção dessa necessidade é menor ao envelhecer. Ao invés de ter a sensação, a pessoa pode entrar em confusão mental, ficar agressiva, inquieta, ter alucinações e oscilações no nível de consciência". Por isso é importante manter a hidratação corporal sem esperar sentir sede, principalmente quem consome medicamentos diuréticos.

Os dias ensolarados de verão são um convite para curtir as mais corriqueiras atividades ao ar livre. E se a exposição ao sol exige cuidados em todas as idades, os idosos não podem fugir à regra. Segundo o médico dermatologista Luiz Carlos Pereira, professor de dermatologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), na maturidade, a pele está mais fragilizada e os cuidados devem ser maiores.

"A irradiação solar é benéfica, fortalece o organismo e tem vários efeitos para a saúde, mas a pele deve estar sempre protegida. À medida que a idade avança, a pele afina e a gordura diminui, o que reduz a proteção natural e a deixa mais exposta aos danos provocados pelo sol", explica. Se a pessoa trabalha no campo, se faz jardinagem, pesca ou caminha muito sob o sol, pode ter problemas de pele nas áreas mais expostas, "como desenvolver o pré-câncer, que pode levar a um tumor", diz.

Um susto como esse foi o que fez com que o militar aposentado Altevir Kinap, 82 anos, e a mulher Maria Simplicina Pinto, 78, mudassem sua rotina. O casal veio de União da Vitória (Região Sul do estado) para Guaratuba, no Litoral do Paraná, onde mora há 22 anos. Desde então, várias mudanças tiveram de ser feitas.

"Eu sempre pesquei, tomei banho de mar e joguei futebol, mas não me preocupava com nenhum problema de pele que o sol pudesse trazer", conta Kinap. Após uma consulta médica, o aposentado passou a ter mais cuidado. "Eu tive duas manchinhas que o médico acabou retirando e que poderiam virar câncer. Depois disso, ele restringiu meu tempo ao sol e eu também resolvi atender aos alertas da minha mulher", conta.

Hoje a pescaria continua, mas debaixo do guarda-sol e com muito filtro solar. "Antigamente eu não acreditava que o sol pudesse fazer tanto mal e enfrentava. Hoje sou mais caseiro e não abuso muito", diz.

Maria conta que hoje o casal não vai tanto à praia como fazia antigamente, mas que ao sair de casa, seja para ir ao ginásio de esportes ou para fazer atividades na Associação de Santa Rita de Cássia, nunca se esquece do filtro solar. Eles também tiveram de se adaptar ao novo guarda-roupa. "Agora usamos roupas bem mais leves, chinelos, sandálias. O estranho hoje é colocar sapato fechado."

Não é somente na praia que é preciso ter cautela com o sol. O médico ressalta que o filtro solar é obrigatório em qualquer lugar. "No campo, na cidade, não há desculpas para não se proteger. Na terceira idade, a pessoa tem de cuidar menos dos outros, como filhos e netos, e cuidar mais de si", diz.

O médico Jesus Rodriguez Santamaria, professor de dermatologia da Universidade Federal do Paraná, lembra que o idoso precisa de banhos de sol, mas nunca sem proteção. "Ele pode tomar sol por apenas 15 minutos, três vezes por semana, cedinho ou depois das 5 da tarde", diz. E chama a atenção para as queimaduras e vermelhidão que possam ocorrer. "Se houve exagero, deve-se sair do sol imediatamente. Nada de usar fórmulas caseiras, como pasta de dente. Compressas frias podem ajudar, assim como um anti-inflamatório local, mas sempre com orientação médica".

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