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Ocupação

Vila Sandra recebe a 8.ª Unidade Paraná Seguro de Curitiba

Angélica Favretto, especial para a Gazeta do Povo

A comunidade da Vila Sandra, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), foi ocupada ontem pela Polícia Militar e a Guarda Municipal para a instalação da 8ª Unidade Paraná Seguro (UPS) da capital – a 5ª na região da CIC (veja infográfico). As demais ficam no Uberaba, Parolin e Osternack, no Sítio Cercado.

A chegada dos policiais ao amanhecer causou espanto e assustou alguns moradores e comerciantes. Para eles, a situação da segurança na Vila Sandra já foi muito pior no início do ano. Em nove meses, a comunidade contabilizou três homicídios.

Apesar do susto, a rotina se manteve com pais buscando filhos na saída da escola e um fluxo intenso de carros na Rua João Dembinski, a principal da região. Morador da vila há pelo menos 20 anos, Edinael de Almeida, de 27 anos, diz que ver a polícia no bairro aumenta a sensação de segurança. "De imediato dá resultado porque eles chegam de surpresa e pegam quem precisa, mas não conseguem limpar 100%", diz, fazendo referência ao tráfico de drogas.

Pedro Bodê, coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que a proximidade das unidades, dentro do mesmo bairro, pode ser eficaz para a CIC, mas talvez não para toda a cidade. "Em um bairro com essas taxas de criminalidade, a ação pode ser boa no momento, porque são unidades próximas. Só que o crime corre para outros cantos da cidade que ficam sem proteção", analisa.

Balanço

No primeiro dia de operação, a PM apreendeu dois adolescentes (de 13 e 15 anos), 227 gramas de cocaína, 106 gramas de crack, 33 gramas de maconha, quatro munições de calibre 38, uma munição de calibre 22, cinco rádios comunicadores, uma balança de precisão e R$ 238 em dinheiro trocado.

Despedida

Ex-mandatário diz que deixa o cargo sem brigas ou desentendimentos

Reinaldo de Almeida César, que deixou o cargo de secretário em uma das pastas estratégicas do governo Beto Richa, ressaltou que não deixou o cargo em função de brigas ou desentendimentos. Em vários momentos, exaltou a gestão do governador. Ao ser questionado sobre problemas de relacionamentos com a secretária de Justiça, Maria Tereza Uille Gomes, Almeida César mais uma vez negou. "Se houvesse qualquer divergência ou dificuldade, eu não ficaria na equipe do governo", afirma. Cid Vasques, o novo titular da pasta, também ressaltou que não foi escolhido para o cargo por critério de amizade ou proximidade com o governador.

Depois da oficialização da troca de comando na Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), ocorrida na manhã de ontem no Palácio das Araucárias, a palavra de ordem da nova gestão é celeridade. "O governador quer resultados para ontem e essa é a nossa proposta", resumiu o novo secretário, Cid Vasques, em entrevista após a cerimônia de posse. Ele disse que a segurança pública é uma questão muito complexa, que não envolve apenas a polícia, mas sim uma perspectiva multidisciplinar de inserção social.

As Unidades Paraná Se­guro (UPS) continuarão sendo o carro-chefe da pasta, cuja missão é reduzir a curto prazo os índices de criminalidade. O número de casos de homicídios dolosos (com intenção de matar), por exemplo, tem metas específicas para serem cumpridas: para este ano, são 2.825 casos, sendo 235,38 ocorrências por mês. Das 23 áreas integradas de segurança pública do estado, apenas oito cumpriram a meta mensal e entre as que não conseguiram reduzir os números, nove superaram em 15% o limite preestabelecido.

Entre janeiro e agosto de 2012, foram registrados 2.057 homicídios dolosos, contra 2.038 no mesmo período de 2011, o que faz o estado superar em 9,24% a meta estabelecida para o ano. Considerando apenas o mês de agosto, também houve um aumento no número de mortes: 261 contra 258 no ano passado. Segundo Vasques, a secretaria tem 19 projetos em andamento e alguns avanços já foram notados, mas, para acelerar os resultados na área, serão priorizadas as ações que já estão em fase de implantação final, como as compras de viaturas e módulos móveis e a presença policial nas ruas.

Ainda de acordo com o novo secretário, o comando da Polícia Militar e a direção-geral da Polícia Civil permanecem sem alterações, por enquanto. O desempenho dos comandantes de cada instituição será avaliado e uma troca não está descartada. Vasques também aposta em realizar um trabalho conjunto com outros segmentos de atuação estatal, como o Ministério Público, do qual é procurador de Justiça.

Paz de espírito

O ex-secretário Reinaldo de Almeida César agora é responsável pela secretaria especial de Corregedoria e Ouvidoria Geral, pasta que era tocada por Vasques. César disse que sai da Sesp com consciência do dever cumprido e paz de espírito. "Saio com um sentimento de muita realização, de muita certeza do que foi possível fazer nesse setor com tanta demanda. De outro lado, é um sentimento quase que de alívio, porque o ofício na Secretaria de Segurança Pública exige uma dedicação que, facilmente perceptível, me fez envelhecer e perder um pouco de saúde", diz.

César fez um discurso de pouco mais de uma hora, em que afirmou que o Paraná vive um binômio perigoso: é um estado rico com segurança pública fraca. Ele recapitulou que, ao assumir a pasta, o estado tinha altos índices de violência, superiores a dos outros estados da Região Sul, e uma estrutura sucateada. Para ele, os avanços que começaram a ser obtidos em sua gestão – como reaparelhamento das polícias e a tendência de redução na criminalidade – serão sentidos ao fim deste governo, em 2014.

Delegacias

Governo promete abrir 2 mil vagas para presos condenados

O primeiro compromisso de Cid Vasques na Secretaria de Segurança Pública foi participar de uma reunião intersecretarial que tratou da transferência de presos condenados em delegacias. Segundo ele, o governo do estado vai abrir cerca de 2 mil vagas no sistema penitenciário até o fim deste ano.

O secretário também afirmou que serão abertas 500 vagas na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste, no Noroeste do estado, nos próximos dias, e que outras 230 vagas serão criadas na Colônia Penal de Maringá, também no Noroeste. Além dessas vagas, outras 800 serão disponibilizadas com a implantação de camas adicionais nas penitenciárias de todo Paraná.

Segundo dados do Sistema de Informação de Penitenciárias (Infopen), as carceragens de delegacias abrigam cerca de 12 mil detentos atualmente. "O esforço que faremos é para chegar ao final do ano com menos de 10 mil presos em delegacias", afirmou. Vasques explicou que a transferências dos presos das delegacias de polícia para o sistema prisional é "uma prioridade do governador".

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