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Valéria com a filha Stefani, de 5 meses, sendo atendida por médico do programa: segurança | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Valéria com a filha Stefani, de 5 meses, sendo atendida por médico do programa: segurança| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Paraná também registra queda

O Paraná está se aproximando do índice aceito pela OMS. Em 2002, o CMI era de 16,7 óbitos para cada grupo de mil nascidos vivos. Em 2008, caiu para 12,8. Em cerca de 11 municípios do estado, o índice é igual a zero. Outros municípios, no entanto, têm graves problemas a enfrentar. A cidade de Nova Esperança, na região de Umuarama, apresenta o pior coeficiente: 90 para mil.

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No caminho certo

De acordo com o pediatra Aristides Schier da Cruz, a taxa de mortalidade infantil em todo o mundo tem caído e, no Brasil, a tendência é a mesma. "Na década de 1970, o país tinha um coeficiente de mortalidade infantil (CMI) de 100 para cada grupo de mil nascidos vivos. Este índice era equivalente ao dos países mais pobres da África. Atualmente, temos cerca de 21 para mil", lembra o médico. Ainda falta um longo caminho para atingir o índice de países desenvolvidos, de 4 a 6 para mil, mas para Schier, estamos no caminho certo.

Uma das entidades não-governamentais que contribui para a melhora dos índices nacionais é a Pastoral da Criança, fundada em 1983.

Atualmente, mais de 1,8 milhão de crianças brasileiras, de 0 a 6 anos, e 94 mil gestantes são acompanhadas pela pastoral, em mais de mil municípios brasileiros. A instituição também está presente em outros 17 países da América Latina, África e Ásia. Em 2007, entre as crianças acompanhadas pela Pastoral da Criança, o CMI foi de 11 para mil. (JK)

Pela primeira vez na história, Curitiba atinge um coeficiente de mortalidade infantil (CMI) de apenas um dígito: 9,8 óbitos para cada grupo de mil nascidos vivos, alcançando um índice inferior ao limite ideal aceito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para países em desenvolvimento, que é de 10 para mil. O programa Mãe Curitibana completa hoje 10 anos de existência e ajudou a reduzir esse índice.

Implantado pelo secretário municipal de Saúde e vice-prefeito, Luciano Ducci, aos poucos, o programa foi incorporado à vida das mulheres curitibanas. "Todas as mães da cidade recebem uma visita ou ao menos um telefonema após o nascimento do bebê", explica.

As maiores vantagens de participar do programa é que mãe e bebê recebem toda a assistência necessária durante e após a gravidez. A gestante pode fazer todas as consultas pré-natais nas unidades de saúde e conhece o local do parto com antecedência. A professora Valéria Pietrobelli, 20 anos, mãe de Stefani, de 5 meses, garante que essa possibilidade a deixou muito mais segura. "Foi ótimo poder contar com o mesmo médico que me atendeu durante toda a gestação na hora do parto", conta.

Seis maternidades estão vinculadas ao Mãe Curitibana, todas receberam o certificado de hospital Amigo da Criança, concedido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Desde 1998, quando o CMI da capital era de 16,6 para mil, cerca de 166 mil gestantes já passaram pelo programa, sendo que 90% delas fizeram mais de sete consultas pré-natais.

Desafios

Além de acompanhamento integral, o programa toma outras medidas para diminuir a mortalidade de crianças até 1 ano de idade. A redução da gravidez na adolescência é uma das prioridades. Em 1999, 20% das mulheres atendidas tinham até 20 anos. Hoje o número caiu para 14,6%. O incentivo ao aleitamento materno também é fundamental para derrubar os índices. "Em 1999, só 14% das mães amamentavam o bebê até o sexto mês de vida. Hoje são mais de 45%. Quem não tem essa possibilidade pode contar com os postos de coleta de leite humano, presentes nos principais bairros da cidade", explica Ducci.

A transmissão vertical do vírus HIV é outro problema que está sendo superado. Atualmente 0,9% das gestantes atendidas pelo Mãe Curitibana são soropositivas. Sem acompanhamento, 30% dos bebês são infectados pelo vírus HIV. O programa conseguiu reduzir a transmissão para 3%. O coeficiente de mortalidade materna caiu pela metade: hoje é de 30 para cada 100 mil mulheres. Em 1999, era de 60.

Pode melhorar

De acordo com o médico Aristides Schier da Cruz, presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, o resultado alcançado pela capital é um marco, mas ainda há muito o que melhorar. "As mortes que ocorrem entre 1 e 12 meses são mais fáceis de evitar, pois ocorrem por causa de diarreias, pneumonias, má alimentação, falta de leite materno, assistência médica e saneamento básico. O maior problema são as mortes evitáveis que ocorrem antes de os bebês completarem 28 dias. As principais causas são as infecções, a asfixia e a prematuridade. Precisamos oferecer profissionais mais especializados, um número maior de UTIs neonatais e garantir a presença de um pediatra durante o parto", acredita.

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