Buracos de rua: estratégia para votos fáceis.| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Quando o poder público não faz, cidadão põe a mão na massa

Algumas pessoas cansam de esperar a ação da prefeitura e tentam resolver seus problemas por conta própria. No bairro do Xaxim, o empresário de tratamento acústico Antonio Marques França, de 48 anos, criou o site "www.diganaoaoantipo.com.br" para realizar um abaixo-assinado pela pavimentação definitiva das vias do bairro. "Estive em uma audiência pública no ano passado e falaram que não havia condição de solucionar o problema dos buracos na periferia", critica. "Somos sempre cobrados a cumprir com nossos deveres, precisamos aprender a reivindicar nossos direitos", diz.

No Jardim das Américas, o professor universitário Benjamin Martins André, de 67 anos, gastou aproximadamente R$ 30 para tapar os buracos que o incomodavam. "Liguei duas vezes para o 156 e só me passavam um número de protocolo, enquanto o buraco só aumentava", diz. "Eu comprei um saco de brita, dois de areia e um de cimento e fechei [o buraco]", diz.

Explicação

O diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), Valter Fanini explica a diferença entre asfalto definitivo e antipó. "A pavimentação é projetada para durar um tempo longo e resistir ao tráfego. A espessura varia de 6 a 15 centímetros, conforme o volume de veículos", esclarece. "Por outro lado, o antipó é um tratamento para não evitar a poeira. Só é válido em vias exclusivas para automóveis. Com caminhões ou ônibus, o piso não aguenta. Não é possível estimar a vida útil dele", diz. Fanini explica que, na medida em que o piso sofre rachaduras, a chuva aumenta o tamanho dos buracos rapidamente.

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Jardim das Américas: cimento em vez de asfalto- O professor universitário Benjamin Martins André, de 67 anos, cansou de esperar pela prefeitura de Curitiba e tapou com cimento alguns dos buracos da Rua André Petrelli, no Jardim das Américas.
Cidade Industrial: material impróprio- Não apenas pelo desconforto e pelos danos aos automóveis, o antipó é inadequado à cidade por segurança.
Xaxim: Contrário ao antipó- Antonio Marques França, de 48 anos, é contrário ao antipó.
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Os buracos no antipó de Curitiba estão espalhados pelos quatro cantos da cidade. Da Riviera ao Cajuru e da Caximba à Cachoeira, eles têm sido uma constante para quem percorre a capital. Embora a operação tapa-buraco apareça apenas na oitava colocação entre as solicitações mais comuns da Central 156 neste ano, a cidade tem muito a melhorar. Dos cerca de 4,5 mil quilômetros de malha da capital, 2,6 mil são de antipó, 1,5 mil de pavimentação definitiva e 400 de saibro. Para a prefeitura, o foco da melhoria é a transformação do antipó em piso definitivo nas ruas onde circulam ônibus.

De acordo com o secretário de Governo da prefeitura de Curitiba, Luiz Fernando de Souza Jamur, como a cidade não tem capacidade para fazer todas as obras ao mesmo tempo, o transporte coletivo ganha preferência. "Estamos trabalhando nas regionais do Portão e Santa Felicidade. A revitalização está focada prioritariamente no circuito do transporte coletivo. Se uma via tiver dez quadras, vamos trabalhar apenas nas cinco quadras do trajeto do ônibus", explica. O objetivo é atender a mais cidadãos ao melhorar as vias para o transporte público.

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Dos 2,5 mil quilômetros de antipó, Jamur revela especial preocupação com 1,5 mil dessa cobertura com mais de 30 anos de uso. "Essa malha é antiga e saturada. Se o ônibus, que é um veículo pesado, circular por ela, o piso vai sofrer ainda mais", diz. Dos quase 1,2 mil quilômetros por onde trafegam os ônibus, 28 quilômetros ainda são de saibro (terra batida), 168 de antipó e 986 são de pavimentação definitiva. A administração tem a meta de revitalizar todas as linhas do transporte coletivo até o fim de 2012.

Operação tapa-buracos

Apesar de o foco da prefeitura estar nos 1,5 mil quilômetros existentes por mais tempo, Jamur garante que as operações tapa-buracos continuam com a mesma frequência. Porém, a população reclama da demora no atendimento. Na Barreirinha, o técnico eletrônico Marcio Henrique Pereira, de 37 anos, afirma que o período de manutenção dobrou, passando de dois para quatro meses, mesmo com as constantes ligações à Central 156. "É um trajeto de caminhões para a Rodovia dos Minérios. Minha via só tem remendo, não dá mais nem para ver o pavimento original", diz.

Jamur revela que tapar os buracos é fundamental para manter as condições de tráfego nas vias enquanto a revitalização não é realizada. Contudo, o secretário diz ser impossível estimar o prazo para a colocação de pavimento definitivo em toda a cidade, mas espera, a partir de novembro, conseguir cumprir as solicitações para tapar buracos em no máximo 30 dias. "Não há como dizer qual tempo uma via de antipó pode ficar sem manutenção, porque depende do tráfego", afirma.

As condições climáticas são outro fator complicador, segundo a prefeitura. "De novembro de 2010 até abril, tivemos chuvas intensas, com poucos dias de sol pleno, o que deteriorou a malha e comprometeu o trabalho", admite. Por esse motivo, os pedidos por pavimentação definitiva na central telefônica da prefeitura chegaram a atingir um pico de 13,6 mil solicitações – o número médio de chamados é de 3 mil, mas varia de acordo com a temporada de chuvas.

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