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Segundo o cirurgião oncologista Marciano Anghinoni, 60% dos leitos serão dos SUS | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Segundo o cirurgião oncologista Marciano Anghinoni, 60% dos leitos serão dos SUS| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Histórico

Impasse com prefeitura barrou ampliação do hospital geral

Em julho do ano passado, a Gazeta do Povo mostrou um impasse entre a prefeitura de Curitiba e o São Vicente, que pretendia ampliar o hospital geral da unidade CIC. Para isso, dependia da doação de um terreno ao lado, de propriedade da prefeitura. A área seria usada para a construção de um estacionamento, exigência do poder público municipal para aquele tamanho de empreendimento. "Como a prefeitura se negou a doar ou ceder o uso do terreno, tivemos de mudar o projeto. Seria um hospital geral bem maior, com centro oncológico. Agora, vai ser só um hospital oncológico", diz o diretor técnico do São Vicente, Ângelo Tesser.

A decisão da prefeitura tramitou no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). À época, a assessoria de imprensa do órgão disse que a terreno era o único espaço vazio que o poder público municipal possuía "naquela região do CIC". "Caso seja necessário construir uma escola ou até mesmo um posto de saúde, não teríamos outro espaço para atender aquela população. O poder público precisa pensar no futuro antes de doar o terreno", explicou o Ippuc.

A unidade do Hospital São Vicente na Cidade Industrial Curitiba (CIC) vai ser transformada em um centro oncológico. As obras, com início previsto para o segundo semestre deste ano, serão custeadas com R$ 15 milhões em recursos próprios, e os novos equipamentos, com R$ 30 milhões do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon), do Ministério da Saúde. Atualmente, a unidade da CIC é um hospital geral, sem atendimento oncológico, com 42 leitos, todos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo o cirurgião oncologista Marciano Anghinoni, coordenador médico do centro de oncologia do São Vicente, o número de leitos será ampliado para 100, sendo 60% para o SUS. Atualmente, não há nenhum hospital com atendimento oncológico pelo SUS na região do CIC, bairro mais populoso de Curitiba, com cerca de 170 mil habitantes. A previsão é que as obras terminem em 2016.

De acordo com Anghi­­noni, o novo hospital será um centro oncológico integral, com atendimento a todas as fases do tratamento, desde o diagnóstico até a reabilitação. Uma equipe multidisciplinar fará os serviços de nutrição, psicologia, fisioterapia, fonoterapia, cuidados paliativos e suporte à família, entre outros.

Segundo o médico, há falta de centros oncológicos completos em Curitiba, carência que fragmenta o tratamento. "Na maioria das vezes, a cirurgia é feita numa instituição, a quimioterapia em outra, a radioterapia em outra. A prefeitura consegue atender a demanda, mas o paciente não fica satisfeito correndo de ônibus pela cidade", afirma Anghinoni. Hoje, só o Erasto Gartner, no Jardim das Américas, oferece atendimento oncológico pelo SUS no modelo integral.

O diretor de redes assistenciais da Secretaria Municipal de Saúde, César Titton, diz que o centro será de grande contribuição à rede pública. "Temos centros oncológicos de referência na cidade, mas nem sempre conseguimos que o tratamento seja feito num local só, e o paciente acaba tendo que circular por diversos hospitais". Além disso, Titton afirma que o São Vicente da CIC atenderá moradores de outros municípios e ampliará a oferta de exames, área deficiente na rede municipal.

É justamente com os exames que Flávia Lopes Montezano, que trata um câncer de mama há um ano e meio pelo SUS, no Hospital São Vicente do Centro, tem dificuldades. "Preciso fazer uma ecografia do coração a cada três meses por causa do tipo de tumor que tive. Mas leva um mês só para eu conseguir uma consulta com um cardiologista, que tem de dar a autorização para o SUS liberar o exame", conta ela. Devido à demora, ela acaba fazendo as ecografias na rede privada, por R$ 170 a R$ 250.

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