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Reginaldo Reinert, do Ippuc: equipe da prefeitura usa fotos aéreas e projetos para construir o novo mapa da cidade | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Reginaldo Reinert, do Ippuc: equipe da prefeitura usa fotos aéreas e projetos para construir o novo mapa da cidade| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Retrato da cidade já nasce desatualizado

Fotos aéreas e projetos técnicos: essas são as ferramentas utilizadas na criação dos mapas de arruamento oficiais. A última expedição fotográfica aconteceu no ano passado, para registrar as mais recentes mudanças no mapa. Apesar de parte das informações já estar defasada, para a nova impressão serão consultados somente os projetos técnicos, sem necessidade de novas fotos.

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  • Confira as principais ruas reformadas ou ampliadas

Quando o próximo mapa oficial das ruas de Curitiba for finalizado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), em março, várias ruas da cidade aparecerão com cara nova. A maior parte das mudanças aconteceu durante a implantação da primeira etapa da Linha Verde. Algumas vias deixaram de ser sem saída, outras foram ampliadas ou revitalizadas, com o objetivo de privilegiar o transporte público.

A Rua Anne Frank, uma das mais importantes para os bairros Boqueirão e Hauer, foi prolongada até a Rua Aluizio Finzetto, cruzando a Linha Verde. No Xaxim, a Rua Floraí deixou de ser sem saída e, no Prado Velho, a Imaculada Conceição ganhou novos 700 metros. Agora vai até o Guabirotuba, unindo-se à Plácido de Castro. Ignorada pelos mapas anteriores, a Rua Escritora Lourdes Strozzi não tinha asfalto e era coberta pelo mato. Ela agora ganha importância como prolongamento da Desembargador Westphalen.

Com o projeto da Linha Verde, já foram 30 ruas reformadas com drenagem, pavimentação, iluminação, calçadas, paisagismo e sinalização. A secretária e moradora do Xaxim Cristina de Oliveira, 34 anos, teve sua via ampliada e conta que a reforma foi bem-vinda. "Antes era uma rua esburacada, com muito pó. Quando os carros e caminhões passavam a casa tremia inteira. Agora parece outra rua", diz.

Mas nem todos os moradores estão satisfeitos com as mudanças. Émerson Carlos, 34 anos, possui uma empresa de serviços de acabamento em gesso. Seu escritório fica em um trecho reformado há três meses, ao lado do Córrego Henry Ford. Segundo ele, mesmo com o maior número de carros passando, não houve impacto positivo nas vendas. "O problema é que agora os carros passam mais rapidamente e também não têm mais onde estacionar. O barulho do trânsito também está atrapalhando", diz.

A mesma reclamação é feita pela cozinheira aposentada Maria Miranda, 63 anos. "Quando chega o fim do dia tudo fica congestionado, é muito carro. E nem parece que moro longe do centro, está bem movimentado", conta. Segundo ela, a mudança tem interferido na tranquilidade da família e limitado a liberdade das crianças. "Tenho dois netos pequenos que jogavam bola na rua com as crianças da vizinhança. Agora eles estão presos em casa como periquitinhos", lamenta.

Inevitável

Ciente da sensação de perda que as pessoas podem estar tendo com a transformação do local onde vivem, o arquiteto e assessor de planejamento do Ippuc Reginaldo Reinert afirma que a mudança faz parte da cultura urbana. "O crescimento da cidade é inevitável. As pessoas podem até pensar que estão perdendo quando seus filhos não podem mais brincar na rua. Mas é preciso perceber que estão ganhando com os novos serviços públicos e com o desenvolvimento e a valorização da área onde moram."

Fabio Duarte, diretor do doutorado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) considera as mudanças na cidade positivas. "Por um lado as pessoas sofrem por ter mais carros em sua vida cotidiana. Mas, por outro lado, há melhorias no transporte público, os ônibus chegam a mais lugares", diz.

Ele também aponta a valorização dos imóveis com o crescimento da região. "Onde antes era possível construir uma casa de até dois andares, já podem ser aceitos prédios e aí há o desenvolvimento. Além disso, se os moradores quiserem se mudar, receberão mais dinheiro, pois o terreno vale mais", diz.

A Linha Verde, na avaliação de Duarte, é um avanço. "Quando uma mudança é feita somente para beneficiar o sistema viário, só para passar mais carros, os moradores saem perdendo. Mas não é o caso da Linha Verde, que além do sistema viário também contempla o sistema de transporte e o de zoneamento", afirma.

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Interatividade

As mudanças feitas nas ruas foram um passo importante para tentar resolver os problemas de trânsito de Curitiba?

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