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A mudança de formato do vestibular põe em xeque não apenas a formulação atual do Enem – também traz à tona a discussão sobre a necessidade da existência dos cursinhos pré-vestibulares no processo educacional brasileiro.

Diretores de cursinhos de Curitiba acreditam que a mudança não deve influenciar no formato dos pré-vestibulares. "Seria uma nova maneira de acesso, mas sempre deve haver um concurso, seja de que forma for", afirma o diretor-superintendente de Ensino do Positivo, Renato Ribas Vaz.

Na opinião de Vaz, para que a substituição mantenha o nível dos alunos que ingressam na universidade, deve ser feita uma reformulação do Enem. "A prova do vestibular tem conteúdo, não é somente interpretação", diz. "Já o Enem é mais contextualização", completa.

Para o diretor do Unificado, Jacir Venturi, os cursinhos não teriam dificuldades em se adaptar ao novo processo. Segundo ele, há um exagero no número de questões de contextualização e interdisciplinaridade no Enem. Outra ressalva para a substituição, aponta, é a extinção de conteúdos mais regionais. "O Enem tem um caráter mais abrangente e universal. E é preciso valorizar a regionalidade", afirma Venturi.

Para o coordenador do pré-vestibular do Decisivo, Mauro Sanchez Oviedo, o cursinho nos moldes atuais não acabaria com um novo processo de seleção. "O princípio do cursinho e colocar o aluno na universidade. Caso haja a mudança, prepararemos para o Enem", afirma.

Processo seriado

A mudança no processo seletivo levanta ainda uma outra possibilidade de seleção, já adotada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná: um exame seriado, onde ao final de cada ano o aluno do ensino médio faz uma prova seletiva. Com a soma das notas, ele pode conseguir uma vaga sem ter feito vestibular. A adoção integral do processo, porém, causa arrepios nos diretores de cursinhos.

"Se a substituição for total, a idéia já nasce morta. Esse formato não possibilita ao aluno uma nova tentativa: se errar um ano, perde a vaga", afirma o diretor geral do grupo Expoente, Armindo Angerer. O sistema já é adotado em países com a Alemanha. De acordo com a nota, o aluno garante um nível de ensino diferente. Caso não consiga o escore exigido pelas universidades, ele pode ir em busca de cursos profissionalizantes. "O Brasil não está preparado para um sistema assim", opina Angerer.

"O processo seriado é louvável, porque tem estímulo do aluno e é um degrau para o ingresso na universidade. Mas precisa haver um certo número de vagas remanescentes para que o aluno que não conseguir não fique fora do sistema", afirma o diretor do Unificado, Jacir Venturi. (TB)

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