A devastação ambiental representa perda de US$ 2 trilhões a US$ 4,5 trilhões em capital natural por ano, segundo dados apresentados nesta quinta-feira, em Curitiba, pelo economista Pavan Sukhdev, coordenador do estudo encomendado pelos países do G8+5 sobre "A Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade" (TEEB, na sigla em inglês).
O objetivo do levantamento é chamar a atenção para os benefícios econômicos globais da biodiversidade e somar forças que permitam ações concretas. Os valores não foram divididos por regiões. Fazem parte do G8+5 Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos, África do Sul, Brasil, China, Índia e México.
O representante do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, classificou a parte referente ao Brasil no estudo de "certamente importante". "Temos as mais extensas florestas e convivemos com taxa grande de desmatamento, além de um aumento (no desmatamento) no Pantanal, que já começa a preocupar", disse.
Energia
Sukhdev destacou o cuidado que o país precisa ter na construção de hidrelétricas. "É preciso uma avaliação das bacias hidrográficas", disse, acrescentando a necessidade de florestas em volta dos reservatórios para evitar o assoreamento, que reduz a vida útil da usina e exige mais recursos. Segundo ele, a sedimentação é reduzida de 1% para 0,5% no comparativo entre locais devastados e aqueles que têm florestas intactas. Para ele o Brasil é uma "superpotência" em biodiversidade.
A cerca de 100 gestores e formuladores de políticas locais, Sukhdev falou que a redução na destruição do ecossistema somente será conseguida se houver engajamento de quem toma decisão regionalmente. "Não há ação se esta não é tomada localmente", defendeu. "Ver o tamanho econômico dos ecossistemas e deixá-los de fora das contas nacionais é um erro", acrescentou.
Segundo o economista, as comunidades pobres e rurais, que vivem em torno de florestas e dela retiram parte do sustento, são as que mais sofrem. No Brasil, ele estimou que o número chega a 20 milhões de pessoas. "A biodiversidade é uma necessidade para os pobres e não apenas uma ligação afetiva para os ricos", afirmou Sukhdev.
Amazônia
Sobre a Amazônia, o economista disse que vale o "princípio do perigo". "Se existe dúvida razoável de que a perda da Amazônia pode destruir o suprimento de água para a agricultura no Paraguai, Argentina e Brasil, então a gente tem que tomar medidas de precaução para evitar que isso aconteça", disse. De acordo com o relatório, "a análise econômica indica que a manutenção de ecossistemas saudáveis é geralmente a opção menos onerosa".
O relatório, que será apresentado em português no dia 14, em São Paulo, destaca 120 exemplos de decisões políticas que alteraram realidades degradantes ao meio ambiente, contando com a participação da comunidade. Como complemento houve redução de custos.
Em regiões costeiras do Vietnã, por exemplo, onde mais de 70% da população está vulnerável a desastres naturais, as comunidades passaram a plantar e proteger os manguezais, ao invés de construir e manter barreiras artificiais. O investimento de US$ 1,1 milhão poupou custos anuais de US$ 7,3 milhões em manutenção dos diques. "É importante achar a solução específica para cada área", destacou Sukhdev.
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