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Foz do Iguaçu - Contrabandistas não encontram dificuldades para transpor a fronteira entre o Paraguai e o Brasil car­regando comprimidos de Cytotec. A venda do medicamento utilizado para a prática de aborto é proibida no Brasil e até mesmo no Paraguai, mas isso não impede a proliferação de um comércio clandestino no país vizinho, onde a fiscalização sanitária é deficiente. O Cytotec é um dos medicamentos campeões na apreensão da fronteira, segundo a Receita Federal do Brasil, ao lado do Pramil, usado para disfunção erética.

A reportagem da Gazeta do Po­­vo não encontrou obstáculos para constatar essa realidade. O remédio usado para a prática de aborto foi oferecido por um ambulante ao preço de R$ 150,00 (caixa com 10 unidades). Para cruzar a fronteira, segundo ele, basta colocar no bolso da calça. Em uma farmácia de pequeno porte, a vendedora rapidamente consultou o estoque em um microcomputador e perguntou a quantidade desejada.

Os comerciantes que infringem a lei são cautelosos na venda. Dificilmente se vê o remédio à mostra nas prateleiras ou nas bancadas dos camelôs. O diretor da Regional de Saúde do Pa­­raguai, Héctor Armella, diz que nunca existiu autorização para a venda do Cytotec no Paraguai, embora a comercialização clandestina seja uma realidade no país. "Eventual­mente encontramos farmácias que vendem", conta.

Risco à saúde

Além de correr poder ser preso, quem compra Cytotec no Paraguai também pode comprometer a saúde de quem consome não só pelo ris­­co de utilizar me­­di­­camento sem acompanhamento médico, mas pela qualidade do produto. Lucia­no Stre­mel, representante da As­­so­cia­ção Bra­sileira de Combate à Fal­sificação (ABCF) diz que já foi en­­contrado Cytotec falso nas ruas do país. "Tem um falso e um importado".

A pessoa surpreendida levando Cytotec para o Brasil é responsabilizada por infração sanitária e encaminhada à Polícia Federal para ser enquadrada no crime de importação de medicamento de forma ilegal. A pena é de 10 a 15 anos de pri­­­­são. As apreensões de Cytotec na fron­­teira são comuns na aduana brasileira e nas rodovias. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) intercepta quase todas as semanas na BR-277, saída de Foz, homens e mulheres transportando vários tipos de me­­di­­camentos em ônibus de linha com destino a inúmeras cidades brasileiras.

Segundo o agente da PRF Leonir Angonese, os contrabandistas levam os remédios escondidos em bolsos, carteira ou amarrados ao próprio nas pernas, com o intuito de revender a clientes que fazem pedidos. Outra prática comum é esconder as cartelas dentro do banheiro dos ônibus para evitar que a polícia identifique o responsável. Como os comprimidos são minúsculos, nem sempre é possível fazer o flagrante, mas há casos. "Já encontramos 314 mil comprimidos de vários medicamentos em uma bolsa pequena de mão", diz.

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