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Sílvia Mara da Silva, agente comunitária no Caiuá | Antônio More/ Gazeta do Povo
Sílvia Mara da Silva, agente comunitária no Caiuá| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Como funciona

Programa existe há 23 anos no Brasil e há 15 em Curitiba

No Brasil, o programa de agentes comunitários de saúde existe oficialmente há 23 anos. Em Curitiba, são 15. Mas a profissão é bem mais antiga: calcula-se que o trabalho tenha origem na China, quando eram chamados de "médicos de pés descalços". O dinheiro para pagá-los vem do Ministério da Saúde, mas os profissionais são contratados pelas prefeituras. A categoria luta para instituir um piso salarial na casa dos R$ 1 mil. Um almoço para celebrar o dia do agente foi realizado ontem, no Restaurante Madalosso.

A estimativa da prefeitura é de que os agentes realizem 900 mil visitas todos os anos. As informações colhidas por eles são levadas para o posto de saúde a que estão vinculados. Os agentes cadastram as famílias, informam sobre a entrega de remédios, avisam a equipe médica quando um morador está hospitalizado ou precisando de consulta domiciliar. Um dos principais serviços desempenhados atualmente é a entrega, de casa em casa, dos agendamentos de consultas e exames especializados, feitos fora da unidade de saúde.

  • Sílvia sempre pergunta ao casal Iracema e Antil Cardoso se estão tomando os remédios de hipertensão

Sílvia Mara da Silva trabalha há nove anos na vila onde mora e recebe salário para visitar os vizinhos. Mas não é qualquer visita: ela é agente comunitária de saúde e tem a missão de acompanhar a rotina dos moradores para prevenir doenças. Como ela, outras mil pessoas – a maioria, mulheres – vão de casa em casa para monitorar a saúde dos curitibanos. No país, são mais de 200 mil, multidão maior que a maioria das cidades brasileiras. Hoje, Dia dos Agentes Comunitários de Saúde, Sílvia serve de exemplo da importância do trabalho que desempenham.

No Caiuá, região empobrecida dentro da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), Sílvia não consegue passar por uma quadra sem receber cumprimentos. É sempre um "Oi, tudo bem?", seguido de uma pergunta do tipo "sabe se o meu exame já tem data marcada?". Na área de atuação da agente estão 414 domicílios. Ela conhece todos os moradores pelo nome e sabe se têm problemas de saúde. Entre os principais focos dos agentes estão as crianças (especialmente em relação à nutrição e às vacinas), as gestantes, os hipertensos, os diabéticos e os acamados em geral.

Na casa de Iracema Car­­doso, Sílvia confere a cestinha de remédios. Quer saber se estão sendo tomados com regularidade e se a aposentada está se alimentando direito. Iracema, que anda sem apetite, confessa que está se esforçando para comer e para fazer as caminhadas que Sílvia recomendou. Aproveita e pergunta à agente sobre a médica nova que está no postinho. Não deixa Sílvia sair sem tomar um cafezinho.

A poucos metros, a agente bate em outra porta e é novamente bem recebida. Ela visita Lara, de dois meses, e pergunta se a menina tem mamado só no peito. Olha a carteirinha de vacinação e faz anotações sobre o peso da criança. Mesmo moradores que têm plano de saúde recebem a visita da agente. Em outra casa, ela verifica focos de mosquito da dengue. Depois de andar várias quadras, Sílvia vai almoçar em casa, afinal de contas, morar na área de atuação é uma das exigências do programa de saúde preventiva.

Nos planos de Sílvia sempre esteve ajudar as pessoas – ela chegou a cursar dois anos de Serviço Social –, mas a gravidez a forçou a largar o sonho. Com o filho já crescido, voltou ao mercado de trabalho e depois de um período como auxiliar administrativo, apareceu a oportunidade de ser agente. Ela se diz satisfeita. Sente que aos 56 anos, com um filho de 21, contribui para a melhoria do lugar onde mora. O curso de Serviço Social Sílvia pensa em retomar. Enquanto o dia de voltar à universidade não chega, continua perguntando para os vizinhos se estão cuidando da saúde.

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