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A intolerância contra brasiguaios surgiu às vésperas da queda do ditador Alfredo Stroessner, em 1989. Foi pelas mãos do generalíssimo que colonos brasileiros, em especial gaúchos e paranaenses, começaram a chegar no início da década de 1970, atraídos por terras baratas e crédito bancário. À época, Stroessner mandou publicar anúncios em grandes jornais brasileiros oferecendo terras a preços módicos. A colonização da fronteira iniciara-se uma década antes, com a venda de grandes latifúndios a companhias estrangeiras agroindustriais.

A política paraguaia de modernização de suas fronteiras agrícolas foi forjada por interesses militares, conforme a doutrina de segurança nacional. Stroessner se espelhara no exemplo brasileiro, que nos anos 1930 deu início à "marcha para o Oeste", para demarcar áreas nacionais. No Brasil, o processo de povoamento das zonas fronteiriças sempre apresentou um cenário de violência e exclusão social. Não foi diferente com os brasileiros no Paraguai.

Os que tinham recursos próprios tiraram proveito, caso dos arrendatários que expandiam seu quinhão especulando as diferenças de preço das terras lá e aqui. A realidade começou a mudar nos anos 1980. Os estrangeiros na condição de pequenos proprietários, arrendatários, posseiros ou assentados passaram a ter dificuldades para se fixar. Foram expulsos e viraram assalariados quando as terras de assentamentos começaram a ser vendidas para grandes empresas agrícolas. Muitos voltaram sem nada para o Brasil.

Prosperidade

Muitos dos que resistiram prosperaram e passaram a sofrer o assédio dos carperos, neologismo para os sem-terra até recentemente denominados campesinos. Mudou o nome, não a tática da pressão. Os sucessivos presidentes paraguaios se veem numa encruzilhada: devem uma satisfação aos compatriotas-eleitores, mas não querem perder os ganhos com a força produtivas dos brasiguaios, nem se indispor com o Brasil. Não é para menos.

Os imigrantes brasileiros e seus descendentes representam 8% dos 6 milhões de habitantes do Paraguai. Principal força produtiva no campo, respondem por 90% das 7 milhões de toneladas anuais de soja do país. São donos de pelo menos 1,3 milhão de hectares, ou 13 mil quilômetros quadrados, em sete dos 17 estados paraguaios. Hoje, querem dar a entender que convidados passaram a invasores.

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