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Para especialistas, a expulsão da estudante Geisy Arruda foi arbitrária, preconceituosa e inadequada. Mesmo após voltar atrás, a universidade poderá ser processada por danos morais e os prejuízos causados à imagem da instituição não serão minimizados. O advogado e professor da Uni­versidade Federal do Paraná Egon Bockmann Morei­ra explica que as universidades particulares são como empresas e têm seus próprios estatutos, mas as normas internas não podem ferir a legislação vigente no Brasil. "O Mi­­nistério da Educação tem premissas que regulam o funcionamento dos cursos, mas não das universidades em geral. A expulsão pode estar prevista internamente; no entanto, se houver algo sobre o modo de se vestir, por exemplo, há uma infração do direito constitucional relacionado à liberdade pessoal." Bock­mann Moreira argumenta que a revogação da medida não retira a possibilidade de uma indenização por danos morais.

Para o especialista em marketing José Roberto Martins, a imagem da universidade foi afetada mesmo com a revogação. Mensa­gens na internet fizeram piada so­­bre a instituição e o serviço de mi­­croblog Twitter chegou a registrar cerca de 13 mil comentários na se­­gunda-feira. Martins diz que o posicionamento da universidade remeteu à década de 30, quando ainda era normal fazer censuras públicas às vestimentas das mu­­lheres. "Para solucionar a questão, o ideal seria humildade, o que a instituição demonstrou ao voltar atrás. No entanto, isso ocorreu em função da pressão e circunstâncias."

Educação

No campo educacional, a resposta da universidade também foi considerada equivocada. Para a professora da Universidade Federal do Paraná Araci Asinelli da Luz, que é especialista em sexualidade, a educação é responsável não somente por transmitir o conteúdo formal, mas aplicá-lo em um projeto de vida. "Se esse incidente ocorreu é porque a educação e o processo formativo fa­­lharam. E a resposta foi pior do que o ocorrido. A instituição ne­­gou de antemão uma possível discussão saudável sobre o tema e colocou a garota como a culpada de tudo."

Araci afirma que quando uma mulher usa minissaia ou uma roupa mais justa ela não está necessariamente se exibindo ou querendo estimular o outro. Ela lembra que é papel dos educadores discutir o que está por trás da história e mostrar novas leituras de mundo.

Para Camila Furchi, representante da organização não governamental Sempreviva Organização Feminista (SOF), houve discriminação e violência desde o início. "O que poderia ser motivo para debater a questão de gênero acabou criando mais estigma. A mulher é estimulada para ser sensual, mas quando não dá bola para os rapazes, eles têm atitudes como essas para marcar o sexo feminino como objeto."

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