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Ontem, os moradores respeitaram o toque de recolher determinado pela prefeita de Jacarezinho | Marco Martins/Gazeta do Povo
Ontem, os moradores respeitaram o toque de recolher determinado pela prefeita de Jacarezinho| Foto: Marco Martins/Gazeta do Povo

Paciente tem alta após 70 dias

Belo Horizonte - O analista de sistemas Rodrigo Novelli, 27 anos, teve alta ontem depois de 70 dias confinado no Hospital das Clínicas de Belo Horizonte, em tratamento contra a gripe A. Ele foi o paciente que mais tempo ficou internado em decorrência da nova gripe no país e ficou 45 dias na UTI. Durante um mês, precisou de tubos para respirar. O quadro clínico era "gravíssimo’’.

Duas pneumonias agravaram o quadro. O sistema renal chegou a parar de funcionar. A saturação de oxigênio no sangue baixou a 5%, quando o normal é acima de 90%. Tratado com Tamiflu e um coquetel de antibióticos, começou a melhorar no fim de julho. Foi contaminado a partir de um colega que teve contato, em São Paulo, com uma mulher vinda da Argentina.

Em 26 de junho, Novelli procurou o ambulatório do Hospital das Clínicas. Com poucos sintomas, foi classificado como caso suspeito e passou a tomar medicação antiviral, ainda em casa. No dia 29, foi internado. A mulher dele, de 26 anos, chegou a ser internada, mas teve alta uma semana depois.

Folhapress

Jacarezinho - A população de Jacarezinho, no Norte Pioneiro, está proibida de sair às ruas depois das 18h30 por causa de um decreto assinado ontem pela prefeita Tina Toneti (PT), que vê na medida uma forma de evitar a proliferação do vírus da gripe A (H1N1) na cidade de pouco mais de 40 mil habitantes. Além de estipular multa de R$ 300 para quem desobedecer o toque de recolher, o decreto também proíbe bares, restaurantes, lanchonetes e até supermercados de permanecer abertos depois desse horário. Eventos públicos e privados também estão suspensos e qualquer tentativa de burlar o decreto será punida com multa de R$ 1,5 mil.

Tina Toneti explicou através de nota que a medida foi tomada "para endurecer a fiscalização e fazer com que a comunidade se envolva na campanha de combate à nova gripe". Além do toque de recolher, o decreto ainda suspendeu as aulas da rede pública e particular até o dia 27. Com a decisão, seis mil alunos voltam a ficar em casa por mais 19 dias. Outra justificativa da prefeita é o número de ocorrência da doença na cidade: 106 casos monitorados e duas mortes confirmadas.

Na nota, a prefeita explica que o monitoramento feito pela Secretaria Municipal de Saúde detectou casos suspeitos em professores, alunos e profissionais da rede pública de ensino. A fiscalização nas ruas e estabelecimentos comerciais será feita por cinco equipes de 12 fiscais da Vigilância Sanitária. Segundo o presidente da Associação Comercial e Indus­trial de Jacarezinho (Acija), Mar­celo Oliveira da Silva, o decreto deve prejudicar pelo menos 100 estabelecimentos.

Donos de bares, restaurantes e supermercados devem entrar hoje com pedido de liminar na Justiça contra o decreto. O dono do Restaurante Canta Galo, Ademar Ferreira da Silva, disse que as perdas por não poder abrir para o jantar chegará a R$ 40 mil até dia 27, data final do decreto. O dono do Bar do Estudante, Vanir de Oli­vei­ra, estava inconformado. Como o bar só abre à noite, durante 19 dias vai deixar de faturar mais de R$ 20 mil. "E ainda vou ficar sem minha freguesia porque depois de 19 dias fechado vai ser difícil manter os clientes".

O chefe da Divisão de Atenção à Saúde da 19ª Regional de Saúde, com sede em Jacarezinho, Fabrício Luciano Rocha, disse que a medida da prefeita é exagerada porque a doença na cidade não está fora de controle. "Mas é uma decisão dela. Não vou questionar uma medida da prefeita", justificou.

O promotor de Justiça Paulo Galotti Bonavides considerou o decreto uma medida autoritária que lembra os tempos da ditadura. "Ninguém pode impedir que as pessoas saiam às ruas e se reúnam onde quer que seja. Qualquer um que se sentir prejudicado com essa medida deve questionar o decreto na Justiça", disse o promotor. Para Bonavides, a medida só se justificaria se a prefeita Tina Toneti ti­­vesse informações privilegiadas que comprovassem que a situação em Jacarezinho é alarmante em decorrência da nova gripe. "Mas não acho que seja o caso", disse.

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