Brasília O Supremo Tribunal Federal (STF) deverá receber uma enxurrada de contestações chamadas de embargos declaratórios dos advogados dos réus apontados de envolvimento no esquema do mensalão. Luiz Francisco Corrêa Barbosa, advogado do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), promete ser um dos primeiros a entrar com os embargos questionando a abertura de processo penal contra seu cliente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
"Não vi os requisitos necessários à corrupção ativa", afirmou o advogado. Barbosa também vai contestar o enquadramento de seu cliente em crime de lavagem de dinheiro. "Ele (Jefferson) não disse a destinação final do dinheiro que recebeu de Marcos Valério. Mas o ponto de partida para lavagem de dinheiro é a origem ilícita dos recursos", observou o advogado.
Outro que pretende contestar a decisão do Supremo é o advogado Marcelo Leonardo, que defende o empresário Marcos Valério e Simone Vasconcelos, diretora financeira da agência SMPB. Segundo o advogado, os documentos enviados pelo Banco Central para o procurador geral da República, Antonio Fernando Souza, com cópias de auditorias dos empréstimos feitos junto ao Banco Rural e ao Banco de Minas Gerais (BMG) pelas agências de Valério não são válidos. Esses empréstimos foram considerados fictícios e teriam sido usados para financiar o "mensalão".
Marcelo Leonardo recorreu ao Supremo demonstrando, segundo ele, que essas provas são ilícitas. No início da sessão de ontem, o advogado tentou fazer essa reclamação. Mas a presidente do Tribunal, ministra Ellen Gracie, afirmou que a discussão desse tema já tinha ocorrido na semana passada.
Na quinta-feira passada, os ministros do Supremo gastaram quase três horas discutindo se poderiam ou não aceitar as provas obtidas diretamente pelo procurador junto ao Banco Central. Por seis votos a quatro, ele decidiram pela validade dos documentos.
O advogado de Marcos Valério espera, no entanto, que quando for julgado o mérito dos processos abertos contra seu cliente que a composição do Supremo seja outra. "Daqui até o julgamento do mérito a composição pode se alterar. Vai entrar um ministro novo e alguém pode se aposentar", observou o advogado.
Segundo ele, não há duplicidade dos documentos do Banco Central e provas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios que descobriu o esquema do mensalão. "Não existe nenhum documento remetido pela CPI igual do Banco Central. Tenho o direito de alegar isso na hora do julgamento do mérito", disse Marcelo Leonardo.
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