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Polícia transfere médica do PR para prisão feminina

A médica Virgínia Soares de Souza, acusada de homicídio qualificado pela suspeita de ordenar a antecipação de mortes de pacientes na UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba (PR), e que estava presa no Centro de Triagem, em Curitiba (PR), foi transferida, no início da noite desta quarta-feira (27), para a Penitenciária Feminina de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, sob ordem da cúpula de segurança do estado.

Ela estava detida desde o dia 19 deste mês. A transferência de Virgínia aconteceu no mesmo dia em que o advogado de defesa, Elias Mattar Assad, requereu um "habeas corpus" de sua cliente junto ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).

Segundo Assad, essa transferência é uma represália à forma como a defesa de Virgínia vem agindo no caso, e é ilegal. "O que estão fazendo, não dando acesso às informações, beira o fascismo. Além disso, Virgínia é uma pessoa com nível superior e precisaria estar em uma condição especial, conforme a lei", afirmou. A polícia não se pronunciou.

Agência Estado

A defesa da médica Virgínia Soares de Souza entrou, na tarde desta quarta-feira (27), com um pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). A acusada está presa desde a semana passada, em uma investigação que apura mortes de pacientes ocorridas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba. Outros três médicos e uma enfermeira também estão presos.

O habeas corpus foi protocolado pelo advogado Elias Mattar Assad, que argumenta que a prisão ocorreu "sem prova da existência de fato criminoso (materialidade)". O advogado também avalia que não há provas científicas, como laudos do Instituto Médico-Legal (IML), que atestem que houve crime. "Sem essa prova, não há crime. Sem crime, não há prisão. Pela concessão da ordem com expedição de alvará de soltura", consta no pedido.

Virgínia é investigada pela morte de seis pacientes ocorridas em leitos da UTI do Evangélico, entre dezembro de 2011 e março de 2012. A médica é suspeita de ter acelerado a morte destas pessoas, por meio do desligamento de aparelhos e de medicação.

Na terça-feira (26), a Polícia Civil divulgou parte do inquérito, que traz transcrição de gravações realizadas com autorização da Justiça. Em uma delas, a médica afirma que há doentes que "já estão mortos", em uma constatação de que alguns pacientes não podem mais se recuperar. Em outro momento, ela diz que não adianta "entulhar a UTI" e que é preciso "girar".

Infiltrado

A Polícia Civil chegou a cogitar a possibilidade de infiltrar um agente na UTI do Evangélico. A ordem judicial para isso chegou a ser expedida, mas, segundo nota, "a execução da medida se tornou inviável do ponto de vista operacional, optando-se pela interceptação telefônica autorizada judicialmente"

Outras prisões

Na noite de sexta-feira (22), a Justiça determinou a prisão temporária – por 30 dias – de três médicos e de uma enfermeira. Todos integraram a equipe da médica da médica Virgínia e são investigados por envolvimento nas mortes de pacientes.

Três dos quatro mandados foram cumpridos no sábado (23). Foram detidos os médicos Maria Israela Cortez Boccato, Edison Anselmo da Silva Júnior e Anderson de Freitas. Na segunda-feira (25), a enfermeira que também teve a prisão decretada, se apresentou à Polícia Civil e também está presa.

Manifestações

Ainda na segunda-feira, o diretor técnico do Hospital Evangélico, Luiz Felipe Mendes,afirmou que houve abuso na operação policial que terminou com as prisões e disse que a instituições médica se sente constrangida. "É constrangedora a forma como está sendo conduzido o caso. Ficamos assustados com o tamanho da repercussão. O hospital foi tomado de assalto. Ficamos sabendo do caso pela imprensa e foi absurda a ação do organismo policial", disse Mendes.

Na terça-feira (26), o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e a Polícia Civil reagiram às declarações do diretor do Evangélico e manifestaram apoio às investigações. O MP-PR afirmou que as provas que compõem o inquérito são consideradas fortes, o que justificaria os pedidos de prisão e busca e apreensão feitos pela Polícia Civil.

A Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol) e o Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (Sidepol) afirmaram que as investigações correram dentro da legalidade e reiteraram. O presidente da Adepol, Kiyoshi Hattanda, prestou solidariedade à delegada Paula Brisola, que conduz o inquérito. "Os áudios são as principais provas do inquérito, e os áudios são estarrecedores", disse.

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