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Medidas para melhoria de delegacia são paliativas, diz delegado

Apenas a reforma proposta pela Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp) e a transferência pontual de alguns presos não será suficiente para resolver o problema da situação precária da carceragem da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). Esta é a opinião de Luís Carlos de Oliveira, delegado titular da divisão de crimes contra o patrimônio da Polícia Civil do Paraná. "Enquanto tivermos presos em delegacias, teremos sempre esse tipo de situação", afirmou o delegado em entrevista à Gazeta do Povo.

Para o delegado, a solução seria a construção de um novo presídio ou de novas alas em presídios já existentes. "A DFRV está abrigando um número excessivo de presos e eles ficam sempre querendo fugir. Raspam as paredes com colher o dia todo. Nós vamos consertar, mas logo volta a como era antes", afirma.

Segundo informações da Sesp, a reforma do presídio deve acontecer ainda em agosto. O delegado explica que, no caso da transferência dos presos, é preciso esperar a abertura de novas vagas nas penitenciárias do Paraná. "Estamos tomando algumas medidas paliativas para priorizar a retirada de alguns presos já na semana que vem. Mas não sabemos quantos sairão de lá, depende do que disponibilizarem de vagas", explica Oliveira.

Novo presídio

Sobre o novo presídio, o diretor do Departamento Penitenciário da Secretaria de Justiça do Paraná, Maurício Kuehne, explica que ainda não há prazo para sua construção. "Está prevista a construção e a ampliação de presídios no Paraná. Isso faz parte do novo modelo de gestão da execução penal do estado. Mas ainda vai demorar, pois dependemos da aprovação do projeto em Brasília", afirma.

A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) de Curitiba irá passar por uma nova vistoria na tarde de sexta-feira (10). Esta será a terceira vistoria em uma semana na delegacia, que registrou fugas e princípios de rebeliões nos últimos 15 dias. A vistoria será realizada pela Comissão de Direitos Humanos Irmãos Naves, formada por delegados paranaenses.

O distrito policial passa por problemas de falta de estrutura na carceragem. A Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR realizou vistoria dia 3 de agosto depois de princípios de rebelião e constatou os problemas de superlotação e falta de estrutura para os presos. Eram 180 homens distribuídos em 16 celas, mas a capacidade da delegacia é para 150 pessoas. Na quarta-feira (8), o Gaeco também realizou uma inspeção na DFRV.

Depois da verificação feita pela OAB, 32 detentos foram transferidos para o sistema penitenciário.

Segundo o coordenador-geral da Comissão de Direitos Humanos Irmãos Naves, delegado Claudio Marques Rolin e Silva, a decisão de realizar a nova vistoria foi tomada após a inspeção da OAB e reunião do Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná, do qual ele também é integrante.

Problemas

O delegado disse que a situação de precariedade nas delegacias é antiga. "Nós da Polícia Civil estamos há 30 anos batendo na mesma tecla. Preso tem que estar no sistema penitenciário". Para o delegado, a situação de precariedade em que ficam os detentos nas delegacias ajuda a aumentar a criminalidade.

Outro problema apontado pelo delegado é o excesso de presos nas delegacias e a falta de policiais para cuidar de tantos encarcerados. "A polícia tem que investigar e cuidar do preso. Já perdemos muitos policiais mortos por causa dessa situação."

Fugas

Nos dias 31 de julho e 1° de agosto, os presos da DFRV iniciaram rebeliões no local após tentativas de fuga. Na manhã do dia 4 de agosto, três homens fugiram da delegacia em um golf, que estava estacionado no pátio do terreno. Outros dois tentaram fugir dentro de sacos de lixo na terça-feira (7), mas foram pegos por policiais federais.

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