Marmita "azeda"
Parentes de presos reclamam da qualidade da comida
Familiares de presos da carceragem da 38ª Delegacia Regional de Polícia (DRP) de Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, reclamam que marmitas estragadas estariam sendo servidas para os detentos. Desde o dia 1º de fevereiro, a comida deixou de ser feita na delegacia e passou a ser entregue em marmitas por uma empresa com sede em Bandeirantes, no Norte do Paraná.
Os parentes reclamam que as marmitas do jantar são entregues junto com as do almoço, às 8 horas. A irmã de um preso, que pediu anonimato, contou que em um dia mais de 15 marmitas "azedas" foram servidas no jantar para os detentos.
O superintendente da 38ª DRP, Reinaldo Leopoldo, negou as acusações e disse que o almoço é recebido às 8 horas e servido às 11 horas. Já o jantar chega às 14 horas e é servido às 16 horas. "Todas as marmitas vêm lacradas e são acondicionadas em caixas térmicas até serem distribuídas" relata.
Segundo ele, o que pode estar estragando a comida é a prática comum de muitos de não comer a refeição na hora. "Muitos deixam para comer depois e, realmente, com o calor que faz dentro da carceragem, não há comida que resista por tanto tempo", conta.
A alimentação dos mais de 12 mil presos que ocupam as carceragens das delegacias do Paraná está sendo feita de forma gradativa pela contratação de empresas especializadas. Apenas algumas regiões já adotaram a prática.
No restante, a comida ainda é preparada na própria delegacia, como explica o delegado-chefe da 1ª Subdivisão Polícia em Paranaguá, Marcelo Stadler. Segundo ele, a comida servida na carceragem da unidade é de ótima qualidade, nutritiva e saborosa. "Além da compra dos alimentos, existem doações de frutas e verduras".
Oeste
Em Foz do Iguaçu, a reprovação por parte dos detentos com a comida entregue nas celas tem sido ainda maior do que quando as refeições eram preparadas na delegacia. Mais da metade acaba indo para o lixo, garante um delegado. A quantidade de alimentos levada semanalmente por familiares e entregues aos presos teve que ser reforçada. Órgãos que auxiliam a Justiça na Execução Penal também passaram a doar cestas básicas para amenizar o problema.
Até janeiro a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) repassava para cada delegacia R$ 2 por preso para despesas com alimentação. Com a mudança no sistema, a secretaria passou a pagar, em alguns casos, quase R$ 6 por marmita. (MM e FW)
As delegacias da Polícia Civil do Paraná tiveram que esperar por quase três meses para receber o primeiro repasse do fundo rotativo em 2012. O dinheiro foi depositado na quarta-feira passada, na conta de cada uma das 470 delegacias do Paraná. A verba é destinada a pagar as despesas de manutenção das unidades policiais do mês de janeiro.
Este é o segundo atraso no repasse do dinheiro nos últimos sete meses. Entre setembro e novembro de 2011, as delegacias também tiveram que esperar pela verba, que começou a ser liberada somente no começo de dezembro. O secretário de Segurança Pública do Paraná, Reinaldo de Almeida César, confirmou a liberação do dinheiro, mas garantiu que não há problemas de recursos financeiros na pasta. "Às vezes não tem como evitar alguns contratempos", disse.
Foram liberados pouco mais de R$ 2 milhões, que serão usados para serviços emergenciais, material de expediente e de limpeza, e combustível em locais onde as delegacias não dispõem de abastecimento próprio, como em Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu e Guarapuava.
Normalidade
Apesar dos atrasos, a maioria dos delegados garante que a demora na liberação dos recursos não atrapalha o cotidiano das delegacias nem impede que policiais desempenhem suas funções adequadamente. O delegado-chefe da 12ª Subdivisão Policial de Jacarezinho, no Norte Pioneiro, Sérgio Luiz Barroso, reconheceu que houve atraso no repasse, mas que a demora não mudou o cotidiano nem da SDP nem das delegacias regionais da sua área de abrangência. "Esses atrasos sempre existiram. Ainda mais no começo do ano, quando há problemas de orçamento", disse o policial.
Barroso garantiu que a Polícia Civil no Norte Pioneiro não encontrou dificuldades para abastecer sua frota de viaturas. "Nossos fornecedores entendem a situação e mesmo com esses atrasos continuam atendendo a polícia. Quando o dinheiro é liberado, fazemos o pagamento", detalha.
Na região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, os delegados ouvidos pela reportagem da Gazeta do Povo divergiram sobre os atrasos. O delegado de Imbituva, Agostinho Mussilini Junior, disse que o atraso no repasse é preocupante. "Mas os fornecedores já estão acostumados, nós sempre avisamos antes de comprar que o pagamento pode demorar", diz. Apesar disso, garante o delegado, as contas da delegacia estão em dia após o repasse do dia 14.
Para outro delegado, da região de Ponta Grossa, que não quis ser identificado, o atraso é constante e prejudica a administração nas delegacias e carceragens. No Litoral do Paraná, um delegado, que também pediu para não ser identificado, disse que só consegue abastecer os carros e comprar os alimentos porque tem um bom relacionamento com comerciantes locais. "Isso é um pouco constrangedor", disse.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) para buscar explicações sobre os atrasos, mas a assessoria de comunicação não deu as informações solicitadas até o fechamento da edição.
Colaboraram: Luiz Carlos da Cruz, Fabiula Wurmeister, Maria Gizele da Silva e Oswaldo Eustáquio, especial para a Gazeta do Povo.
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