Os registros oficiais de violência contra gays e de vítimas da dita "violência homofóbica" quase triplicaram de 2011 para 2012, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (27) pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência.

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Os canais oficiais do governo federal registraram 3.084 denúncias de violações contra homossexuais em 2012, em comparação com 1.159 no ano anterior.

Em 2012, foram informadas violências contra 4.851 vítimas, o que significa uma média de 13,29 vítimas a cada dia no país. Em 2011, a média era de 4,69 vítimas a cada dia.

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A ministra da pasta, Maria do Rosário, afirmou que, como este é apenas o segundo balanço da série iniciada em 2012, ainda não é possível afirmar que há, de fato, o aumento da violência contra os gays. Mas há, pelo menos, o aumento da confiança nos canais oficiais para as denúncias.

Os dados indicam o perfil das vítimas: 71% têm sexo biológico masculino; 60,5% foram identificadas como gays e 37,6% como lésbicas; 61,2% têm entre 15 e 29 anos; e 51% delas conhecia o agressor.

O balanço foi apresentado na presença de três ministros da presidente Dilma Rousseff. Além de Maria do Rosário, estavam presentes o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) e a ministra Eleonora Menicucci (Mulheres). Todos reafirmaram a posição do Executivo na defesa dos direitos humanos dos gays.

"Estamos aqui com o contrário do que significa a aprovação do projeto da 'cura gay'", esclareceu a deputada Érika Kokay (PT-DF). Falando contrariamente ao projeto, a petista afirmou que "o ovo de serpente precisa ser destruído" e criticou a condução da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP).

"Trata-se de um projeto fascista na comissão", que contraria a laicidade do Estado, disse ela.

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A ministra Maria do Rosário também criticou a aprovação da "cura gay". "O Brasil sabe que não é possível que o encarceramento exista no século 21 pelo 'amor que não ousa dizer o nome'. É inaceitável que a homossexualidade seja tratada como uma doença", disse a ministra.

A ministra de Mulheres afirmou que a presença dos três ministros atestava a importância que o Executivo dá ao tema.

Homofobia no SUS

Junto com o balanço, a secretaria lançou um sistema "guarda-chuva" para o segmento, que vai reunir políticas de direitos humanos já existentes e incentivar a formalização de estruturas e políticas públicas locais.

Outro anúncio feito é o de que o Ministério da Saúde tornará obrigatória, a partir de janeiro de 2014, a inclusão do campo "violência por orientação sexual ou identidade de gênero" na ficha de notificação de violências na rede pública de saúde.

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A ideia, que começará a ser testada em três Estados já em agosto de 2013, é reunir mais dados oficiais sobre as vítimas de homofobia (identidade de gênero e motivação da violência). O nome social também deverá ser inscrito na ficha, quando aplicável.