Sindicato diz que situação é inaceitável
Fábio Luporini
"A paralisação de prontos atendimentos de emergência dos hospitais contraria o código de ética", declarou ontem o diretor presidente do Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar), Mario Antonio Ferrari.
Ferrari considerou "inaceitável" e um "equívoco" o fechamento dos prontos-socorros. "Dependendo da medida, eles podem até ser fechados, encampados pelo estado ou haver uma intervenção. Isso é uma irresponsabilidade", afirmou. Segundo o presidente do Simepar, é preciso investigar a relação empregatícia dos médicos com os hospitais, para verificar se há alguma ilegalidade.
A demissão coletiva dos profissionais nas escalas de plantão foi apontada por Ferrari como ilegal. "A demissão coletiva só é possível se não ofender o interesse público", disse. Segundo ele, os médicos deveriam ter dado algum aviso prévio antes de deixar o plantão. "Essa recisão não poderia ser feita de uma hora para outra. Além disso, os administradores dos hospitais deveriam encontrar dinheiro para pagar os médicos e não ficar quatro meses esperando. As grandes vítimas disso tudo são os médicos e os usuários", afirmou.
Orientação
Com a suspensão dos atendimentos nos prontos-socorros, os atendimentos médicos em Londrina para os pacientes do SUS estão concentrados nas Unidades Básicas de Saúde, Prontos-Atendimentos Infantil (PAI) e Municipal (PAM), além dos hospitais públicos.
A secretaria municipal de Saúde orienta que os londrinenses procurem, primeiramente, o atendimento na unidade básica de sua região. Para melhorar o atendimento, a prefeitura aumentou, de quatro para seis, o número de unidades que estão atendendo 24 horas. Estão funcionando sem interrupção as unidades do Conjunto Maria Cecília (zona norte), Leonor (zona oeste), Armindo Guazzi (zona leste) e Ouro Branco (zona sul), além do PAI e do PAM.
De acordo com a assessoria, ao procurar uma unidade de saúde, os pacientes passarão por uma triagem e nos casos mais graves serão acionados os serviços de emergência e urgência Siate e Samu, para encaminhar as pessoas para os hospitais da Zona Norte, Zona Sul ou Hospital Universitário.
Os hospitais que estavam com os prontos-socorros parados em Londrina fizeram ontem assembleias para decidir se aceitavam a proposta da prefeitura e retomar o atendimento. Até o fechamento desta edição, apenas o Hospital do Câncer havia anunciado a volta ao trabalho para hoje. Os hospitais Evangélico, Santa Casa e Ortopédico devem continuar a paralisação.
O Hospital Ortopédico, último a entrar no protesto, fechou no sábado o pronto-socorro destinado aos pacientes do SUS. A entidade realiza, em média, 3 mil atendimentos de serviço de emergência e urgência e consultas. O diretor do hospital, Paulo Marcel Yoshii, afirmou que o motivo da paralisação é o mesmo alegado pelos demais hospitais que interromperam o atendimento na sexta-feira: a suspensão do pagamento dos adicionais para os médicos que fazem plantão a distância. Ele informou que dez profissionais recebiam esse incentivo.
Como é um hospital particular, a prefeitura informou, no dia 9 de novembro, que o contrato com o Ortopédico estava suspenso. Na ocasião, o secretário municipal de Gestão Pública, Marco Cito, afirmou que o repasse para entidades particulares era "ainda mais ilegal do que para os hospitais filantrópicos". Yoshii se mostrou preocupado com esse posicionamento da prefeitura e tenta agendar uma reunião com a secretaria municipal da Saúde para negociar.
"Tínhamos um contrato com a prefeitura para a realização dos atendimentos. Como somos um hospital pequeno, com a suspensão dos repasses não encontramos uma forma de pagar os médicos. Estamos tentando abrir um canal de negociação com a administração. Na semana passada, já tentamos agendar uma reunião na secretaria de Saúde, mas não fomos atendidos", disse.
Segundo o diretor do Ortopédico, somente o PS do SUS está fechado. O pronto-socorro que atende convênio e particular está funcionando normalmente.
Públicos
Com o fechamento dos prontos-socorros, a demanda de atendimento dos pacientes do SUS está sendo encaminhada para os hospitais públicos. Segundo a assessoria de imprensa do Hospital Universitário (HU), o fluxo no atendimento era tranquilo na manhã de ontem.
A assessoria informou que ontem havia 51 pessoas internadas no pronto-socorro, que tem capacidade para 48 pacientes. De acordo com o hospital, o atendimento também foi tranquilo durante o fim de semana, com uma média de 54 pacientes internados.
No Hospital da Zona Norte (HZN) a direção também avaliou como tranquila a situação na unidade. A diretora-clínica do hospital, Vera Lúcia Marvulle, disse que havia cinco pacientes internados nos sete leitos disponíveis para internação. De acordo com ela, a "tranquilidade" está ocorrendo porque o hospital só está recebendo pessoas encaminhadas pelos serviços de emergência e pelas Unidades Básicas de Saúde.
"O fluxo está mais tranquilo do que em dias normais, pois deixamos de atender as pessoas que vinham diretamente ao hospital. Só estamos atendendo os pacientes que venham encaminhados, que é o que deve ocorrer. Nos organizamos e criamos uma comissão para fazer uma avaliação de risco e a triagem dos pacientes. A nossa intenção é que se mantenha esse fluxo depois que o impasse acabar", afirmou.
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