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Os músicos Vina Lacerda, Julião Boêmio, André Prodossimo e Denis Mariano integram a Orquestra de Cordas de Curitiba | Diovulgação/FCC
Os músicos Vina Lacerda, Julião Boêmio, André Prodossimo e Denis Mariano integram a Orquestra de Cordas de Curitiba| Foto: Diovulgação/FCC

Dos 54 deputados estaduais, apenas seis compareceram na manhã desta terça-feira ao auditório do Museu Oscar Niemeyer, no Centro Cívico, em Curitiba, para participar do "sorteio" de um ônibus oferecido pelo governador Roberto Requião. Contudo, o que os poucos parlamentares presentes acabaram disputando foi uma réplica de brinquedo de um ônibus. A "brincadeira" foi explicada pelo chefe de executivo já no início da reunião semanal do secretariado.

A justificativa de Requião era de que estava buscando mais participação dos deputados nas discussões das ações do governo. A maioria da Casa, porém, não gostou do tom de galhofa que a oferta de um veículo em troca da presença gerou no meio político.

Nos últimos dias, cada um recebeu um convite nominal, assinado pelo chefe da Casa Civil Rafael Iatauro, na qual explicava como seria o sorteio. O ônibus, até então tratado como real, deveria ser destinado para uma prefeitura que o ganhador escolhesse. "Estou apavorado. Deputado nenhum tem obrigação de ir na escolinha. Nem os do governo. Esse documento é estranho e isso é crime previsto em lei", afirmou na semana passada o deputado Jocelito Canto (PTB), logo após receber o convite. No início da tarde desta terça, Canto não quis se pronunciar sobre a "brincadeira" do governador. "Sem comentários. Não quero nem falar sobre o assunto. Isso é uma perda de tempo", enfatizou.

No final da reunião do secretariado, Iatauro disse, em entrevista ao Paraná TV, que quando assinou o convite aos deputados imaginou que o ônibus que seria sorteado era real. Perguntado sobre o que achou da "brincadeira" de Requião, Iatauro respondeu: "nada".

Quem também ficou incomodado foi o deputado Élio Rusch (DEM). Na semana passada, ele ficou irritado com o anúncio do sorteio do ônibus. "O que o governador está pensando? Não é possível que ele, que já foi deputado, brinque com a Assembléia", disse na ocasião. Na tarde desta terça, Rusch fez mais críticas a Requião. "Isso confirma o que a gente já imaginava sobre o governador. É um desrespeito não só com os deputados mas com os prefeitos também. Ele não pode transformar brincadeira em ato oficial do governo. Para fazer humor eu prefiro outros, como o Diogo Portugal (humorista paranaense)".

Sorteio

No início da reunião desta terça, Requião comentou sobre a polêmica gerada e afirmou: "Eu ganhei o ônibus. Ele é meu e eu faço o que bem quiser com ele". Com a baixa concorrência, o "felizardo" foi o deputado estadual Felipe Lucas (PPS). O político afirmou que tinha conhecimento de que o sorteio seria uma brincadeira, antes de ir para a reunião semanal, e que não se importou tanto com o convite como aconteceu com outros deputados. "Eu já sabia e não houve nenhum constrangimento. Há uma série de formas de interpretar e alguns exageraram, levaram por outro lado. Mas é normal um plenário dividido".

Lucas informou que o "prêmio" será levado, como decoração, para a prefeitura de Irati (região central), município onde foi prefeito de 1993 a 1996 pelo PDT. O ônibus em miniatura estampava na lateral a logomarca da Rodopar (sigla do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Estado do Paraná).

O deputado afirmou ainda que nunca participou com muita freqüência da "escolinha", mas que tem ido com mais periodicidade nos últimos tempos. "Acho que elas são importantes, a gente sempre aprende alguma coisa. Nós que participamos da administração devemos nos preocupar", disse. Felipe Lucas, que é médico obstetra, conseguiu a suplência da deputada estadual Arlete Caramês (PPS) em 2002. Dois anos depois, assumiu a cadeira por quatro meses, quando ela tirou licença para tratamento médico. Na última eleição, o deputado conquistou o cargo no Legislativo com 31.600 votos.

Além do deputado Felipe Lucas, participaram da "escolinha" os deputados Luiz Cláudio Romanelli, Teruo Kato e Cleiton Kielse Bordini Crisóstomo (PMDB), Dr. Batista (PMN) e Carlos Simões (PTB). O deputado Romanelli, líder do governo, havia sinalizado na segunda-feira (7) que o sorteio se tratava de uma piada do governador. Ele afirmou que ficou surpreso com a presença dos deputados. "Achei até um milagre estes que apareceram".

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