O desembargador Fernando Antonio Torres, juiz da Corregedoria dos presídios na época do massacre, disse que houve excesso na ação da Polícia Militar durante a invasão do Carandiru. Ele foi a segunda testemunha de defesa ouvida nesta terça-feira (16). "Uma coisa é entrar, outra é resultar em 111 mortes. Não há nexo", afirmou Torres. "Era necessário ingressar, mas não era necessário o resultado obtido".Torres disse que, quando entrou no pavilhão 9, sangue escorria pelas escadas.

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Ele afirmou, ainda, que o diretor do presídio na época, Pedrosa, comentou com ele que havia possibilidade da rebelião se irradiar para outros pavilhões. O desembargador contou que viu policiais feridos saindo do Carandiru -um baleado, segundo ele. Torres declarou que ouviu barulho de rajadas de metralhadoras, diferentemente do que contou, mais cedo, seu colega Ivo de Almeida. O próximo a ser ouvido será Luiz Augusto San Juan França, juiz da corregedoria dos presídios.

Mais cedo, um dos juízes que participaram das reuniões que autorizaram a entrada da tropa da PM ao Carandiru (zona norte de SP), hoje o desembargador Ivo de Almeida, disse que não viu nenhum preso sendo executado pelos PMs durante o massacre de 1992, como afirmou ontem o ex-diretor do Carandiru Moacir dos Santos.

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Almeida afirmou ainda que a entrada da PM foi necessária porque a unidade estava fora de controle.

"Nossa preocupação era manter a integridade física deles. Poderia haver uma carnificina lá dentro", disse.

Almeida conta que nenhum civil conseguiu entrar no presídio com a PM. Ainda segundo ele, embora tenha autorizado a entrada, os juízes não imaginavam que o resultado seria aquele. "Não esperávamos um desdobramento desses", disse. "Foram muitos mortos".

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