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Teias se estendem por postes, fios de energia e árvores | Reprodução
Teias se estendem por postes, fios de energia e árvores| Foto: Reprodução

Alerta

Picada em criança pode provocar choque anafilático

O biólogo Luiz Carlos de Pontes Silva alerta que não é bom ficar perto desses animais. A picada dessas aranhas causa apenas irritação e desconforto em adultos saudáveis, mas em crianças com menos de 4 anos o veneno do aracnídeo pode provocar complicações e até choque anafilático. Apesar disso, esses animais não são considerados agressivos.

O agricultor Renato Teodoro Corsini já foi picado pela espécie, assim como seu filho. Ele revela que a criança, um menino de 4 anos, teve de receber atendimento médico e mesmo assim sofreu por dias com espasmos e convulsões. "Tenho percebido a presença dessas aranhas em vários locais, principalmente perto de pastagens", diz.

A escassez de predadores naturais de uma espécie de aranha e a abundância de alimento para esses animais estão provocando um fenômeno curioso flagrado em uma propriedade rural de Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro do Paraná. Vivendo em árvores de médio porte, milhares de aranhas da espécie Anelosimus Eximius, conhecidas também como tecedeira-sombria, construíram uma rede de teias entre cabos e postes de energia para capturar suas presas, normalmente insetos de médio porte. O tamanho da teia e número de aranhas impressionam e também assustam.

O flagrante do fenômeno foi feito pelo designer Érick Reis, 20 anos, que no último domingo registrava um casamento em uma chácara no interior de Santo Antônio da Platina. Reis percebeu a presença das aranhas e gravou um vídeo de quatro minutos que virou febre na internet nas últimas 48 horas. Até o fim da tarde de ontem já eram mais de 15 mil visualizações. Batizado de "chuva de aranhas" o vídeo transformou Érick quase em uma celebridade. Ele passou o dia de ontem dando entrevistas para jornais e sites. "Eu nunca vi nada parecido. Quando percebi estava embaixo de uma chuva fina gravando aquela cena", conta.

A reportagem da Gazeta do Povo esteve ontem no local e encontrou as aranhas protegidas entre as árvores. O local fica à margem de uma estreita estrada rural e há poucos moradores por perto.

Desmatamento

Apesar de estranho o fenômeno não é tão incomum assim. O professor de Biologia da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp), Luiz Carlos de Pontes Silva, explica que esses animais estão encontrando o ambiente perfeito para se reproduzir e desenvolver sem predadores naturais, como pequenas aves e morcegos. O especialista conta que realizou no ano passado um estudo na região em que percebeu o aumento da população de aranhas por conta do desaparecimento de árvores frutíferas que deram lugar a pastagens. Essas árvores eram abrigo de morcegos, principais predadores das aranhas.

Pontes Silva explica que normalmente são as fêmeas que tecem as teias, muito resistentes e semelhantes aos fios de seda. No entanto, essa época do ano é o período de reprodução deste tipo de aranha e os machos começam a tecer também suas teias para impressionar as fêmeas, aumentando a área ocupada com os fios. A competição acaba formando um emaranhado que se estende por postes, fios de energia elétrica e árvores, cobrindo dezenas de metros quadrados. No fim da tarde os animais deixam as frestas das árvores para capturar os insetos presos nas teias.

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