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Operários trabalham nos últimos ajustes da Marquês de Sapucaí. Desfiles começam domingo | Alexandro Auler/Agência O Globo
Operários trabalham nos últimos ajustes da Marquês de Sapucaí. Desfiles começam domingo| Foto: Alexandro Auler/Agência O Globo

Nunca o epíteto de mais brasileira das festas coube tão sob medida, na maratona que começa neste domingo na Sapucaí, com a aventura da estreante Inocentes de Belford Roxo. O modelo de administração das grandes escolas de samba cariocas, com eloquentes sinais de esgotamento, cristalizou um cenário onde as mesmas quatro, pelo segundo ano seguido, ocuparão as primeiras colocações. Vai passar nessa avenida o samba da desigualdade. Beija-Flor, Salgueiro, Tijuca e Vila Isabel confirmarão, na soma das notas do júri oficial, o abismo que as separa das outras oito.

A pequena elite do andar de cima da festa é referendada até por quem está na parte de baixo. Num ano com número recorde de temas criados para viabilizar patrocínio, teve escola que não conseguiu atrair o interesse de empresas e governos. Ou, pior, levou calote. Numa festa com gastos que crescem em progressão geométrica, as receitas não acompanham.

Do aperto, não escapam nem as primas ricas. Atual campeã, a Unidos da Tijuca encarou a falta de malemolência da Alemanha. O projeto: conseguir R$ 10 milhões. Mas não pingou nada, a princípio. Os sambistas do Grupo Especial tiveram, em 2013, generosos R$ 5,6 milhões para fazer seu show. O dinheiro vem dos direitos de transmissão pela TV, da venda dos ingressos da Passarela do Samba, de subvenções da prefeitura e do governo do estado e do patrocínio da Petrobras.

"É um bom dinheiro. Bem administrado, dá para fazer um bom desfile", garante Wagner Araujo, diretor de carnaval da Imperatriz Leopoldinense." Na busca pelos mecenas de ocasião, as escolas correm risco e ficam vulneráveis aos caprichos dos patrocinadores.

Mudar o ritmo da administração e até as regras do jogo são saídas para Ney Filardi, o advogado que preside a União da Ilha.

Ele defende a diminuição do número de carros alegóricos, para aliviar os custos, e uma flexibilização na proibição do merchandising. "O carnaval gera uma fortuna para a economia da cidade e arrecada uma miséria. Sou totalmente a favor de um evento no meio do ano, com apresentações menores," aposta.

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