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Eduardo Novaes Ramires: falta de consciência agrava o problema | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Eduardo Novaes Ramires: falta de consciência agrava o problema| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

A dificuldade entre conciliar a preservação de áreas verdes e o crescimento nos centros urbanos tem um impacto quase sempre ignorado, ao menos por quem não é afetado diretamente pelo problema. O corte de bosques – por menores que sejam – contribui para que ratos, cobras e outros animais que vivem no mato invadam residências.

"Se não existe a mata, não há o habitat natural de muitos bichos. E, depois algum tempo, a tendência é de que eles deixem de existir", explica Carlos Melo Garcia, professor do curso de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Os bichos são atraídos também pela presença de lixo e água suja nos quintais.

De acordo com Eduardo Novaes Ramires, professor de Ecologia da Universidade Tuiuti do Paraná, a falta de consciência da população colabora para o aumento da incidência desses animais fora de seu habitat natural. "Qualquer terreno é usado hoje como depósito de lixo nas cidades. Até em pequenos espaços florestais próximos a residências, o lixo é depositado nas bordas, atraindo baratas e ratos, que, por sua vez, atraem aranhas e cobras."

A sócia-proprietária da dedetizadora Matinseto, Suzana Machado, confirma o aumento da incidência de ratos em áreas que sofreram desmatamento recente. "Eles geralmente são procedentes de alguma área externa, mas o controle é relativamente simples", diz.

A prefeitura informa desconhecer focos de desmatamento em áreas sob sua supervisão. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, o corte de árvores na capital é permitido apenas após análise de técnicos. "O município tem autonomia para autorizar qualquer tipo de corte ou poda. É um processo contínuo e muito bem-sucedido", comenta Marcos Traad, zootecnicista e diretor do Departamento de Zoológico de Curitiba.

Aranha-marrom é tida como praga urbana

A alta incidência de aranhas-marrons nas casas dos curitibanos não tem relação com o desmatamento. De acordo com Eduardo Novaes Ramires, professor de Ecologia da Universidade Tuiuti, um estudo realizado na Universidade Federal do Paraná, em 1995, comprova o fato: os acidentes com aranhas acontecem em proporções muito maiores em locais afastados das zonas verdes da cidade.

Ramires aponta que terrenos com entulhos são o local ideal para a proliferação da aranha-marrom, pois acumulam material orgânico que serve de alimento para o aracnídeo. Ramires fez uma experiência num terreno do bairro Portão, em Curitiba. "Em menos de um ano, foram colhidas cerca de mil aranhas. Como elas têm uma taxa de movimentação bastante alta – até 30 metros por noite –, as chances de entrarem nas casas é muito alta."

O professor do curso de Engenharia Ambiental da PUCPR Carlos Melo Garcia esclarece que os aracnídeos procuram as residências pelo calor proporcionado, principalmente no forro.

Ao contrário dos ratos, as aranhas-marrons apresentam resistência contra as técnicas de dedetização. De acordo com Suzana Machado, da Matinseto, não há veneno específico para combatê-las. "É possível impedir o crescimento delas nas casas. A aplicação de uma mistura de venenos nos forros e atrás de móveis dá resultado, pois acaba com os insetos, que são a alimentação delas", diz. Porém, Suzana sabe que acabar com os vestígios orgânicos não é a solução para o problema. "Uma aranha-marrom adulta pode ficar sem água e sem comida por mais de um ano", informa o professor Eduardo Novaes Ramires.

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