Nesta semana, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira possivelmente acompanhada da presidente Dilma Rousseff , deverá pousar numa vila isolada do interior de Melgaço, no nordeste do Pará, para um encontro com representantes de comunidades agroextrativistas da Amazônia. Se prestar atenção no voo, poderá ver uma série de estradas e clareiras clandestinas que se embrenham pelas matas da região, resultado da extração ilegal de madeira.
Para os moradores da Reserva Extrativista (Resex) de Gurupá-Melgaço, a ação dos madeireiros não é nenhuma novidade. Eles já se acostumaram ao barulho das motosserras no interior da mata e ao trânsito dos caminhões carregados de toras pelos ramais de terra da unidade. Há quem seja conivente com os madeireiros em troca de dinheiro R$ 50 a R$ 100 por árvore. Entre as lideranças da reserva, porém, o sentimento é de revolta, com a ousadia dos madeireiros e a inoperância do poder público.
Melgaço é o município com pior índice de desenvolvimento humano (IDH) do país, e Gurupá não fica muito atrás. Cerca de 800 famílias vivem na Resex, que abrange 1.450 km² (do tamanho da cidade de São Paulo), sobrevivendo quase que exclusivamente de produtos florestais, como o açaí, o palmito, o pescado e a produção de mandioca.
A exploração ilegal de madeira é um problema crônico no Pará, estado recordista em conflitos e derrubadas florestais, e parece estar em recrudescimento, a exemplo do desmatamento, que voltou a crescer em 2013. Segundo o levantamento mais recente da ONG Imazon, 78% da exploração madeireira no Pará é ilegal, e houve um aumento de 151% na área afetada por essa atividade em 2012, em comparação com o ano anterior.
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