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Chinaglia quer fugir do tema mensalão. | Wilson Dias/ABR
Chinaglia quer fugir do tema mensalão.| Foto: Wilson Dias/ABR

Dificuldades para se alimentar, tratamentos agressivos e a falta de preparo de uma equipe especializada são apontadas como algumas das causas para os altos índices de desnutrição em pacientes internados em hospitais. Dados do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar, realizado com 4 mil pacientes, mostram que pelo menos 50% deles apresentam sintomas de desnutrição, desses 12% podem ser considerados graves.

Para o nutrólogo Antônio Carlos Campos, professor-adjunto do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Paraná em muitos casos o paciente já chega ao hospital debilitado pela própria doença e acaba tendo o caso agravado. Pacientes com câncer são os que apresentam os mais altos índices de desnutrição. Dependendo do tipo de neoplasia, o índice pode chegar a 80%.

Os tratamentos agressivos usados para combater a doença – cirurgias, quimioterapias e radioterapias – e o próprio tumor fazem com que os pacientes apresentem perda de peso progressiva, falta de apetite, vômitos e outros sintomas relacionados à desnutrição calórico-protéica. "O tumor tem uma influência direta no metabolismo que somada aos efeitos do tratamento podem levar à desnutrição", explica a nutricionista Tatiana Oliveira, do Ambulatório de Nutrição do Hospital do Câncer, em São Paulo.

Em outras situações, o paciente acaba desnutrido por falha da própria equipe médica. "O doente é deixado em jejum para fazer um exame, aí acontece alguma coisa, o aparelho quebra, o médico não aparece, enfim, ele acaba não fazendo o exame e mesmo assim deixou de se alimentar. Em outros casos, a equipe não realiza um acompanhamento detalhado da alimentação do paciente. Às vezes ele até come, mas não o suficiente. Essas situações acabam piorando o quadro de desnutrição", exemplifica Campos.

Quanto maior o tempo de internamento, maior o risco de o paciente ficar desnutrido. As estatísticas hospitalares mostram que pacientes internados há mais de 15 dias apresentam risco de desnutrição 70% maior. Além disso, o tempo de internação é aproximadamente 16% maior do que em pacientes nutriocionalmente saudáveis. As complicações clínicas aumentam de duas a seis vezes, e o índice de mortalidade também cresce consideravelmente: de 4,6% para 10,2%.

Segundo o nutrólogo, uma série de fatores próprios do ambiente hospitalar contribuem para que o paciente não tenha uma alimentação adequada. "Os horários das refeições são determinados, tem vezes que o paciente não quer comer naquela hora. Além disso, o ambiente não é o ideal. Pense numa enfermaria com um doente gemendo de dor, outro vomitando, como alguém pode ter apetite muma situação dessas?"

Para Tatiana, o estado emocional, muitas vezes abalado pelo diagnóstico de uma doença grave, também influencia negativamente no comportamento alimentar. No caso das neoplasias, a posição do tumor é outro agravante. Tumores localizados no trato gastrointestinal, por exemplo, dificultam tanto na deglutição como no processo de digestão e absorção dos nutrientes. "O paciente que passa pela quimioterapia sofre ainda com as alterações na mucosa bucal, que alteram o paladar e prejudicam a alimentação", acrescenta a supervisora do Departamento de Nutrição do Hospital Erasto Gaertner, Adriana Carvalho.

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