Barracões foram retirados na rua no Boqueirão| Foto: Walter Alves/ Agência de Notícias Gazeta do Povo

A Polícia Militar (PM), a Guarda Municipal e técnicos da prefeitura acompanharam na manhã desta terça-feira o cumprimento de um mandado de desobstrução de rua no bairro Boqueirão, em Curitiba, que gerou polêmica. A ação foi por volta das 9 horas da manhã na Rua Brasil Para Cristo, onde residem cerca de 30 famílias de catadores de material reciclável, que reclamam de truculência por parte dos policiais na ação.

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Os moradores alegam que foram ofendidos por alguns policiais e que sofreram ameaças de que os depósitos improvisados na calçada seriam derrubados durante a ação.

Segundo a Organização Terra de Direitos, que atua com advocacia popular, a ação da prefeitura vai de encontro a uma negociação recente firmada com os trabalhadores. Na negociação, o poder público municipal se comprometia a alugar um barracão, já que o que as famílias utilizavam foi destruído num incêndio, segundo os catadores.

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De acordo com Júlia Ávila Franzoni, advogada e assessora jurídica do Terra de Direitos, as famílias respondiam por uma ação de reintegração de posse de uma massa falida, mas entraram com a ação de usucapião e venceram. "Os trabalhadores procuraram a prefeitura para o projeto EcoCidadão, mas não foram contemplados", afirma a advogada.

A Secretaria do Meio Ambiente, via assessoria de imprensa, afirmou que no local há 20 pessoas que pertenciam a um EcoCidadão e saíram por motivo de briga. Então resolveram voltar ao bairro em situação irregular. Ainda segundo a secretaria, a prefeitura está em trâmite para estabelecer um EcoCidadão no local. Dessa forma, técnicos da prefeitura, amparados pela liminar da 8ª Vara Civil Pública, onde foi ajuizada a ação, fizeram a remoção de cinco caminhões de lixo comum. Os próprios moradores teriam tirado o lixo reciclável, e o lixo comum (restos de materiais de construção misturados a lixo orgânico) foi mandado para aterros.

Os moradores alegam que quase não tiveram tempo de recolher o material reciclável com que trabalham. "Dissemos para esperar que um caminhão viria para carregar o material, ele faz isso toda sexta-feira, mas, como sexta era feriado, ele viria hoje, e já estava a caminho quando eles chegaram. Mas eles não quiseram esperar; colocaram o trator em cima, quase derrubaram casas, e se não fosse a gente gritar ia ter gente sem casa", conta Rucelia de Mello, de 44 anos, catadora de material reciclável.

Segundo o capitão da Polícia Militar Anderson, que coordenou os soldados da PM na ação, os policias receberam um pedido de garantia de segurança para o cumprimento de uma ordem judicial de limpeza de via pública. A calçada teria sido tomada por lixo e entulho. "A prefeitura solicitou o reforço policial para evitar qualquer tipo de conflito. E não houve confronto ou violência de qualquer natureza, apenas algumas pessoas que tentaram atrapalhar o trabalho do oficial de Justiça", afirma. Mas o capitão orienta que se qualquer pessoa se sentiu agredida ou desrespeitada por algum soldado da Polícia Militar, que procure a Corregedoria da PM para apresentar uma denúncia.