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Ainda pela manhã, os embates se espalharam pelo centro da capital paulista | Stringer/ Reuters
Ainda pela manhã, os embates se espalharam pelo centro da capital paulista| Foto: Stringer/ Reuters

A reintegração de posse de um edifício invadido por sem-teto na Av. São João provocou embates com a Tropa de Choque e disseminou tensão pelo centro de São Paulo ontem, com saques e vandalismo paralisando parte da região por mais de 12 horas. O comandante da PM na capital, Glauco Silva de Carvalho, afirmou ter identificado a atuação de integrantes da tática "black bloc" (que prega o dano ao patrimônio como forma de protesto) no tumulto, inclusive no ataque incendiário a um ônibus.

O prédio, que era ocupado havia cerca de seis meses por 315 famílias da Frente de Luta por Moradia (FLM), já tivera duas reintegrações adiadas. O movimento, o proprietário e a PM haviam entrado em um acordo para o novo despejo. Os sem-teto disseram que sairiam pacificamente, se houvesse caminhões suficientes para a mudança.

Por volta das 6 horas, quando a reintegração começou, houve atrito entre policiais e invasores, que alegavam haver só 13 dos 40 caminhões combinados. A polícia afirma que os veículos estavam lá, mas que nem todos estavam estacionados simultaneamente. "Não houve nenhum descumprimento do que foi acordado. As agressões começaram por parte dos moradores, que atiraram objetos nos policiais", disse o secretário da Segurança, Fernando Grella.

O movimento nega e afirma que parte de seus integrantes só atirou objetos da janela (pedras, cocos, sofás e pedaços de móveis) nos policiais após a Tropa de Choque entrar no prédio e disparar bombas de gás lacrimogêneo.

O delegado Jacques Ezen­­baum disse que foram encontrados 12 coquetéis-molotov dentro do prédio e que 75 sem-teto foram fichados e liberados no início da tarde. Ele afirmou que, exceto pelas crianças, todos devem ser indiciados por suspeita de esbulho (invadir para tomar a propriedade) e que outros dois serão indiciados sob suspeita de lesão corporal contra dois policiais.

Ainda pela manhã, os embates se espalharam pelo centro. Lojas fecharam as portas, e barricadas feitas de sacos de lixo foram incendiadas, bloqueando vias. A polícia foi alvo de pedras e rojões e disparou balas de borracha e bombas de gás. Estabelecimentos foram depredados, e duas lojas de celulares foram saqueadas. Nove pessoas foram presas (2 por lesão corporal contra PMs, 6 por arrastão e 1 por incendiar um ônibus). O coletivo foi incendiado em frente do Theatro Municipal.

Os confrontos arrefeceram e, por volta das 13 h, o comércio reabriu, mas por pouco tempo. Novas barricadas foram montadas próximo das 16 h e a polícia voltou a usar bombas para dispersar manifestantes e curiosos. Lojistas decidiram fechar as portas novamente e liberaram os funcionários mais cedo. A situação só voltou a se acalmar por volta das 21 horas.

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