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Quiosques da Praia Central de Guaratuba não têm autorização para funcionar | Carlos Ohara/Gazeta do Povo
Quiosques da Praia Central de Guaratuba não têm autorização para funcionar| Foto: Carlos Ohara/Gazeta do Povo

Fórum

Ações no Rio Uvu servirão de modelo

O Rio Uvu, da microbacia do Barigüi, servirá de modelo para o projeto Viva Barigüi. Diversas associações não-governamentais, como o Instituto Eko, Rotary, Lions, Associação dos Moradores e Amigos do Parque Barigüi (AMA) e empresários de Santa Felicidade (bairro por onde passa o Rio Uvu) reuniram forças para que o projeto siga em frente e tenha bons resultados. Eles fazem parte do Fórum em Defesa da Bacia do Rio Barigüi, criado com o intuito de trabalhar as questões sociais nas comunidades.

Ari Becker, presidente da AMA, conta que dois pequenos córregos da bacia já passaram pelo processo de despoluição e também vão servir de exemplos. "Fizemos o levantamento de campo para ver as ir-regularidades nas redes de esgoto e depois acompanhamos os trabalhos para arrumar as ligações e recuperar o rio. O Uvu é outro que será limpo e que servirá de base para as pessoas perceberem como é possível despoluir", diz.

Porém, o papel dessas instituições vai além dos levantamentos de irregularidades. Elas vão ter também a missão de conscientizar a população de que lugar de lixo não é nos rios. De janeiro a junho foram retiradas 500 toneladas de lixo dos leitos de rios em Curitiba. "Pretendemos fazer a conscientização nas escolas. Nossa missão é capacitar as pessoas a pensar na defesa ambiental", afirma Estefano Ulandowski, advogado e presidente do Instituto Ekos.

Serviço: Mais informações: www.forumprobarigui.com.br

O plano de recuperação e despoluição da bacia do Rio Barigüi, lançado em março pela prefeitura de Curitiba, já traça as primeiras medidas a serem tomadas para a preservação e limpeza do leito principal e os 400 afluentes. Levantamento da prefeitura constata que existem moradias irregulares dentro da Área de Preservação Permanente (APP), ligações clandestinas da rede de esgoto, assoreamento, além de apontar as áreas intactas que precisam ser preservadas. O projeto, batizado de Viva Barigüi, custará R$ 83 milhões.

Segundo o secretário municipal do Meio Ambiente, José Antônio Andreguetto, o valor da despoluição será custeado de duas formas: R$ 70 milhões por meio de financiamento internacional e R$ 13 milhões com verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. O recurso do PAC será destinado à relocação de 631 moradias irregulares. Elas estão situadas em áreas de preservação e na região de maior concentração populacional da bacia. "O trâmite para conseguirmos a verba do PAC já foi feito e está dentro da legalidade. Falta o governo federal liberar a verba", explica Andreguetto. Em toda a bacia existem hoje 25.908 domicílios que precisam ser relocados.

As ligações indevidas da rede de esgoto também estão entre as ações de curto prazo. A bacia tem hoje 63% de cobertura da rede de esgoto, segundo informações da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). "Deste porcentual, 9 mil ligações são factíveis. Ou seja, existe a rede de saneamento mas os moradores ainda não fizeram a ligação do esgoto nela", explica a diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Maria Arlete Rosa. Segundo a diretora da Sanepar, o principal problema no controle das redes clandestinas está na demora para o prazo de vistoria. "Hoje o técnico vai ao local e, se houver irregularidades, ele dá até 90 dias para que o morador faça a ligação corretamente. É muito tempo. Queremos diminuir este prazo e aumentar a equipe de fiscalização, que hoje é pequena", diz. Ainda de acordo com a Sanepar, a bacia tem 77.695 ligações de esgoto, sendo 46.617 regulares e 7.769 irregulares.

Novos parques

Para este ano já foi aberto processo de licitação para a construção do Parque da Biodiversidade, que ficará às margens do Rio Barigüi, próximo do bairro Fazendinha. Também está prevista para o próximo ano a formação de mais dois parques: Olarias e Campo de Santana. Estes parques, junto com o Barigüi, o Tanguá e o Tingüi (que já existem) vão formar a Via Parque – uma longa avenida que será criada às margens do Rio Barigüi para interligar todas as áreas de lazer da bacia. A projeção destas novas áreas vai permitir a preservação ambiental, já que evita a ocupação desordenada. A construção de toda a Via Parque é um projeto a longo prazo: pode demorar até 15 anos para ficar pronta.

Ainda em relação à preservação, a prefeitura pretende formar novas Reservas Particulares do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM), como a do Cascatinha – que já foi criada na Bacia do Barigüi e teve bons resultados. Pessoas interessadas na adoção e preservação da vegetação intacta da bacia receberão incentivos da prefeitura, como potencial construtivo de 100% do valor da área – possibilidade de construir uma edificação do mesmo porte em outra área onde não há restrições.

Todas as ações na Bacia do Barigüi são divididas em quatro tipos, como as medidas de infra-estrutura descritas acima. Há também o programa de educação ambiental, que será feito em conjunto com outras entidades. O primeiro trabalho do projeto Viva Barigüi começou no início de março, com o desassoreamento do lago do parque. O trabalho, feito por uma draga, deve ser finalizado em 60 dias.

Entretanto, há quem defenda que já no início do projeto a prefeitura tem cometido erros. Ari Becker, presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Parque Barigüi, um dos envolvidos no projeto, acredita que a dragagem do lago não é a solução ideal. "Tenho fotos que provam que a draga prejudicou o lago do Barigüi. Algumas ilhas estão desaparecendo e as árvores, morrendo", diz.

O secretário municipal do Meio Ambiente rebate. "Existiam muitas capivaras no parque que contribuíram para o desaparecimento das ilhas, porque elas começaram a cavar a terra. Vamos analisar, ao final da dragagem, o que poderá ser feito sobre esta questão."

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