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Nelson Jobim mostra o que a FAB descobriu em alto-mar: ministro evita falar em sobreviventes | Reuters
Nelson Jobim mostra o que a FAB descobriu em alto-mar: ministro evita falar em sobreviventes| Foto: Reuters

Marinha não descarta possibilidade de achar sobreviventes do voo 447

Dois dias após o desaparecimento do Airbus A-330 da Air France em meio ao oceano Atlântico, a Marinha brasileira não descarta a hipótese de encontrar sobreviventes do voo AF 447, que transportava 228 pessoas. "Até se esgotarem todas as condições, estaremos lá para resgatar sobreviventes", disse ontem à noite o diretor do Centro de Comunicação da Marinha, contra-almirante Domingos Savio Nogueira.

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Entre a esperança e a descrença

Parentes dos passageiros do voo AF 447 estavam ontem entre a esperança e a incredulidade no resgate, enquanto aguardavam informações em um hotel do Rio.

Leia a matéria completa e confira as histórias de algumas pessoas que estavam no avião

França conduzirá investigação

O governo francês conduzirá as investigações sobre as causas do acidente. Segundo o ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, outros países poderão ajudar nas investigações. Alain Bouillard, especialista que investigou o acidente com um Concorde na França em julho de 2000, foi nomeado chefe da comissão francesa que vai apurar o desastre do voo 447.

Borloo disse que o Airbus 330-200 é um "dos aviões mais confiáveis" e que para a aeronave ter caído deve ter acontecido "uma sucessão de eventos extraordinários". O ministro da Defesa da França, Hervé Morin, disse que não há sinais de que tenha ocorrido um atentado terrorista, mas também não descartou a hipótese.

  • Confira as condições climáticas enfrentadas durante o voo AF 447

Rio de Janeiro e São Paulo - Destroços do Airbus A330-200, que fazia no domingo o voo 447 (Rio-Paris), foram identificados a 1,2 mil quilômetros da cidade do Recife por aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). A confirmação da tragédia, a maior da aviação civil internacional desde 2004, coube ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que se reuniu com as famílias dos passageiros num hotel da zona oeste do Rio. De acordo com ele, não foram visualizados corpos. Na aeronave havia 228 pessoas – 61 franceses, 58 brasileiros, 26 alemães e nove italianos, entre pessoas de 32 nacionalidades.

Um rastro de 5 quilômetros de materiais metálicos e não-metálicos comprova que se trata do avião da Air France. Jobim ressaltou que as buscas prosseguem numa área de dez mil quilômetros quadrados, mas evitou falar em sobreviventes.

Os primeiros vestígios foram localizados por um avião da FAB dotado de sensores, por volta da 1 hora da madrugada de ontem, cerca de 24 horas depois do desaparecimento do avião. A identificação dessa área de buscas foi possível com base em informações preliminares de pilotos da TAM – na noite da tragédia, o voo 8055, que fazia exatamente o trajeto oposto (Paris-Rio), relatou cinco pontos de luz, nas cores laranja e vermelha, a 10 minutos de deixar o espaço aéreo do Senegal. Às 5h37 de ontem, um Hércules C-130 visualizou manchas de óleo no mar. Às 6h49, identificou-se uma poltrona de avião. Por último, às 12h30, o C-130 detectou a linha de destroços.

Como consequência da descoberta, o governo brasileiro decretou luto oficial de três dias pelas vítimas. Na França, o torneio de tênis de Roland Garros registrou 1 minuto de silêncio – o mesmo ocorreu em jogos oficiais e no Parlamento. O Papa Bento XVI também enviou condolências às famílias.

Até o fim da semana, seis navios que já trabalham nas buscas deverão chegar à área – o primeiro, às 18 horas de hoje. Todo o material recolhido será levado até uma distância de 250 milhas de Fernando de Noronha. Desse ponto, dois helicópteros carregarão o que for encontrado até o arquipélago. Caso sejam resgatados corpos, Jobim acrescentou que o trabalho de perícia será realizado pela Polícia Federal e pelo Instituto Médico-Legal (IML) do Recife.

Explicações

O meteorologista texano Tim Vasquez, que já trabalhou para as Forças Armadas dos Estados Unidos estudando as condições climáticas das rotas de voo, fez uma análise das condições meteorológicas que envolveram o desaparecimento do voo. A partir da análise de imagens de satélite e da comparação com casos similares, o especialista conseguiu detalhar os acontecimentos climáticos que podem ter contribuído para a queda do avião sobre o Oceano Atlântico.

O especialista se concentrou no trecho da rota entre dois pontos em que o avião deveria informar a sua posição às torres de controle (ver quadro ao lado). Vasquez explica que a aeronave precisou enfrentar um aglomerado de nuvens que causou vários trechos de turbulência severa. "De acordo com as imagens do satélite, a tempestade estava mais perigosa ao anoitecer, horas antes de o avião alcançá-la. Mas, no momento em que o airbus atravessou o bloco de nuvens, elas já estavam começando a se dissipar. Mesmo assim, foi preciso atravessar ou se desviar de várias nuvens isoladas, fato que pode ter danificado o avião", explica.

Para Tim Vasquez, há uma relação evidente entre as condições climáticas e o acidente. "Não posso dizer, entretanto, que o clima causou o desastre. Na minha opinião, a tempestade não foi forte o suficiente para derrubar um Airbus 330. Outros fatores interferiram. Acho que só vamos descobrir quando as investigações oficiais começarem", diz. "Claro que isso não elimina a possibilidade de que, durante a tempestade, algum fenômeno climático fora do comum tenha atingido o avião, mas as informações que temos até agora não são capazes de determinar isso com certeza", completa.

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