Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
comemoração

Dia 1.º de Maio homenageia luta operária

Data remonta aos trabalhadores mortos em protesto nos EUA por melhores condições de trabalho. No Brasil, primeiras conquistas surgem no início do século 20

Primeira grande greve geral no Brasil, realizada na cidade de São Paulo em 1917. |
Primeira grande greve geral no Brasil, realizada na cidade de São Paulo em 1917. (Foto: )

O regime escravocrata vigorou no Brasil por quase quatro séculos, período durante o qual direitos trabalhistas eram peça de ficção. Depois da abolição, o cenário não mudou muito para os trabalhadores: imigrantes disputavam poucas vagas com milhares de escravos recém-libertos. Em um contexto de mão de obra excedente, empregadores não concediam qualquer direito aos seus empregados. Esse cenário perdurou até a Revolução de 1930.

Nas primeiras duas décadas do século 20, as principais reivindicações trabalhistas dos brasileiros eram aumento salarial; redução da jornada, pois na época operários chegavam a trabalhar até 16 horas por dia; fim da exploração de mão de obra adolescente e de mulheres e melhorias das condições gerais de trabalho. Como não havia legislação abrangente, cada fábrica implementava seu próprio regulamento, o que resultava em diversas distorções e abusos nas relações trabalhistas.

Nesse contexto, a atuação dos primeiros sindicatos foi determinante para o fortalecimento da classe operária brasileira no início do século passado. No início, os sindicatos atendiam às necessidades básicas dos trabalhadores, como iluminação no local de trabalho, descanso mínimo e criação das caixas de pensão para assistir ao trabalhador dispensado pelo empregador.

A atuação dessas entidades ganhou força quando a sindicalização de trabalhadores urbanos foi reconhecida por decreto em 1907. As primeiras greves de trabalhadores datam desse período. “Sempre houve greve, mas a paralisação era fortemente reprimida pelo Estado e pela polícia”, lembra o historiador e diretor do Museu Paranaense Renato Carneiro.

Em 1917, aconteceu a primeira grande greve geral do Brasil, quando cerca de 70 mil trabalhadores da indústria e comércio de São Paulo paralisaram as atividades. A mobilização resultou em aumento de salário imediato, mas a principal vitória foi o reconhecimento do movimento operário como instância legítima de reivindicação e negociação trabalhista.

Desde então, a greve é o principal instrumento de luta da classe operária. Na avaliação de Carneiro, parar é a única forma de obter mudança. “Sem luta, não há direito trabalhista. Não fosse a movimentação do início do século 20, não teríamos jornada de trabalho, hora extra, seguro ou licença de maternidade. Se isso tudo existe, é porque alguém brigou.”

Apesar de todas as transformações das relações de trabalho e da ampliação do direito trabalhista, o modelo sindical brasileiro manteve a mesma constituição e estrutura desde seu surgimento – livres de interferência estatal. “O sindicalismo brasileiro nasce do espírito de contestação dos trabalhadores. É um instrumento de união que busca limitar a exploração do trabalho. O direito do trabalho nasce dessa união, de pressões históricas”, explica o advogado trabalhista e docente do curso de Direito da Universidade Federal do Paraná, Sandro Lunard Nicoladeli.

Hoje, sindicatos constituem importantes atores políticos e sociais, cuja ação ultrapassa a mediação das relações de trabalhos, mas interfere na vida da sociedade e na atuação do Estado ao promover a discussão de políticas econômicas e pressionar o parlamento.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.