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Nada como um dia de cão

Além de ajudar os donos que desejam levar seus pets na hora de viajar, a agência Nathuna Viagens e Turismo, também organiza eventos, conhecidos como Dog Tour, para reunir a cachorrada e seus donos "corujas". O último encontro ocorreu nos dias 21 e 22 de abril, na pousada Hakuna Matata, em Morretes, no litoral paranaense.

A pousada, que habitualmente não aceita animais em suas dependências, foi palco – pela segunda vez – de uma festa que reuniu cerca de 60 pessoas e 40 cães. Durante o passeio, os donos e seus animais puderam confraternizar e trocar experiências, além de conhecer serviços ligados ao mundo pet, como confecções de roupas para cachorros, planos de saúde animal, dentre outros.

A arquiteta Bárbara Oliveira, 44 anos, aproveitou o evento para comemorar o aniversário de 13 anos de seu poodle Thomas, acompanhada do marido Luiz Roberto, 41 anos, e de sua outra poodle, Lynn, 8 anos. "Sempre fazia festa em casa, mas este ano resolvi dar um presente diferente ao Thomas", conta a arquiteta, que recomenda o passeio a quem interessar.

O dono da Hakuna Matata, Jeff Petersen, fala que a realização do Dog Tour não poderia ter sido melhor. "Eles são educados, não deixam sujeira pelo chão e não incomodam o funcionamento normal da pousada, já que os donos trazem tudo do que precisam", defende.

Se você não é a modelo Gisele Bündchen e seu animalzinho de estimação não é a Vida – a yorkshire que acompanha a estrela onde quer que ela vá –, pode ter certeza de que algum dia irá enfrentar um grande problema (se é que já não enfrentou) quando decidir levá-lo a uma viagem. Isso porque, a despeito do crescente número de pessoas que resolvem adotar um pet, o mercado de turismo ainda se mostra despreparado para satisfazer este tipo de cliente.

No Brasil ainda são poucos os hotéis e pousadas que aceitam animais e, quando aceitam, são raríssimos os que permitem que o bicho permaneça com seu dono no quarto. A própria Associação Brasileira de Agência de Viagens do Paraná (Abav-PR) reconhece a deficiência nesta área. O diretor financeiro e de patrimônio da Abav-PR, Geraldo Zaidan Rocha, fala que em outros países, como na França, os estabelecimentos já estão acostumados a receber hóspedes de quatro patas, mas que isso ainda está longe de acontecer no Brasil. "Até porque os brasileiros ainda não incorporaram o hábito de levar seus animais em viagens turísticas, preferem deixá-los em hotéis para animais ou até com amigos", defende.

A empresária Igleide Araújo de Almeida, dona da maltês Lourenza e do poodle Olivier, ambos com 5 meses, discorda de Rocha. "Nós sentimos sim a necessidade de estar com nosso animalzinho, tanto que às vezes deixamos de viajar por não podermos levá-los", diz. Esta necessidade foi tão expressiva na vida de Igleide – que certa vez chegou a se hospedar em um hotel no Rio de Janeiro fingindo que sua cachorrinha era um bebê – que ela resolveu montar o próprio negócio, voltado a ajudar quem não se separa nem por decreto de seu amigo peludo.

Há quatro anos, ela mantém uma agência, Nathuna Viagens e Turismo, especializada em facilitar a vida de quem quer levar o pet em viagens, cotando preços e instruindo em relação a toda a documentação necessária para cada destino". Ela fala que, no país, cresce o número de estabelecimentos que recebem animais, mas que os preços ainda são, no geral, nada atraentes. "Um hotel pode cobrar até mais pela estada do cachorro do que a dos donos. Isso quando não exige que ele fique no canil, geralmente localizado fora das instalações ou na garagem", afirma, fazendo a ressalva de que existem, sim, empresas que realmente se importam com o conforto dos pets.

Igleide fala ainda que outro entrave é o transporte. As companhias de transporte, seja rodoviário ou aéreo, ainda colocam vários obstáculos para levar os animais. "Algumas companhias aéreas permitem que o bicho viaje com seu dono na cabine, mas impõem limites de peso e altas tarifas para que isso ocorra", diz a empresária. "O normal é que eles viajem no compartimento de cargas, mas a maioria já presta este serviço", fala o diretor da Abav-PR.

Para Igleide – que como muitos considera seus cachorrinhos não apenas animais de estimação, mas legítimos membros da família –, as altas taxas servem como um meio de desestimular os donos a levarem seus pets. "É uma forma politicamente correta de excluir, já que eles aceitam, mas a um preço não acessível a todos", conclui.

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