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O tradicional Dia da "Pendura" (ritual feito por acadêmicos de Direito para comemorar o Dia do Advogado) pode dar muita dor de cabeça a donos de restaurantes hoje. Segundo a tradição, os estudantes de Direito devem comer, beber e agradecer pela acolhida com um discurso, saindo sem pagar a conta no dia 11 de agosto. Normalmente os casos vão parar na polícia, como aconteceu com quatro estudantes curitibanos no ano passado.

Os mesmos acadêmicos prometem repetir a dose neste ano. Eles não revelaram o nome do restaurante escolhido, mas o padrão gastronômico será classe A.

Em 2006, eles estiveram na Grimpa Steak House, uma churrascaria no Batel. Como a pendura não pegou bem, os alunos foram levados ao 3.º Distrito Policial de Curitiba. A brincadeira virou ação penal, por fraude, no Juizado Especial Criminal.

Os alunos (dois da Universidade Federal do Paraná e dois da antiga Faculdade de Direito de Curitiba, atual Unicuritiba) foram defendidos por professores da UFPR e conseguiram trancar a ação penal.

O argumento foi que o valor das refeições, R$ 80 cada, era insignificante: um sexto do valor do salário mínimo regional ou infinitamente menor que o capital social da churrascaria, de R$ 3 milhões. A tese da defesa explorou ainda que a publicidade alcançada com a tradição sempre traz mais lucros do que prejuízos para os empresários.

Mas a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), seção Paraná, não concorda com a prática. "Ela parece simpática, mas traz danos e prejuízos aos comerciantes", afirmou o diretor executivo Luciano Bartolomeu. Ele alertou que, no Paraná, a orientação é para que o estudante peça o benefício (desconto, sobremesa, rodada de chope) antes de fazer o discurso da pendura.

A Churrascaria Grimpa não comentou a pendura feita no ano passado. Apenas informou que, neste ano, vai colocar um cartaz informando que ela não participa da tradição dos acadêmicos de Direito, ou seja, o cliente terá de pagar a conta. O calote não é consenso entre os estudantes. O Diretório Acadêmico Clotário Portugal, da Unicuritiba, promove há décadas um jantar de confraternização, com homenagem a dois professores, batizado de "pendura honesta". O jantar reuniu, anteontem, cerca de 200 pessoas em Santa Felicidade.

Já Natascha Schmidtt, presidente do Centro Acadêmico Hugo Simas, que representa os estudantes da UFPR, vê com bons olhos a pendura. Ela não descarta a idéia de não pagar a conta hoje. "Ainda não decidi, mas se tiver um grupo legal, quem sabe", afirmou.

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