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Foz do Iguaçu – Após três dias seguidos de abre e fecha da Ponte da Amizade, a fronteira Brasil-Paraguai viveu ontem um dia de tumulto, violência e novo bloqueio da travessia. Centenas de brasileiros entraram em choque com a Polícia Federal (PF) após serem retirados da ponte. Eles jogaram pedras na tropa de choque, que revidou com balas de borracha. Seis pessoas foram presas. Não houve feridos.

O tumulto começou logo pela manhã, depois que paraguaios fecharam a fronteira e foram até a metade da pista da Ponte da Amizade para impedir a entrada de trabalhadores brasileiros, laranjas, turistas e veículos no país vizinho. Alguns brasileiros tentaram furar a barreira, mas foram recebidos com empurrões e insultos. Para evitar o confronto entre os dois grupos, a PF obrigou os brasileiros a recuarem até a cabeceira da aduana.

A tensão continuou, pois centenas de manifestantes cercaram os acessos à alfândega. Exaltados, os protestantes arremessaram pedras nos 30 policiais, viaturas e carros de particulares que estavam estacionados próximos à zona primária. Também disparam rojões. Os agentes, por sua vez, revidaram com dezenas de tiros balas de borracha. Um deles chegou a efetuar disparos de pistola para o alto para intimidar a multidão.

Houve muita correria, com as pessoas buscando proteção em avenidas e ruas secundárias. Apesar de dispersar a aglomeração, foram registrados outros focos de resistência pertos do local. O controle no lado brasileiro no fim da manhã, entretanto, não foi repetido do lado paraguaio. Na aduana em Ciudad del Este, cerca de três mil brasileiros foram proibidos de retornar a Foz do Iguaçu.

Com o passar do tempo, a pressão sobre a barreira, montada por taxistas e motoristas paraguaios, aumentou. Às 11h30, o clima esquentou porque a multidão avançou sobre o bloqueio. Algumas pessoas foram agredidas com pedradas, paus e até cocos. Com o desmonte do bloqueio, brasileiros conseguiram cruzar a Ponte da Amizade rumo a Foz do Iguaçu.

Os sacoleiros passaram sem nenhum tipo de fiscalização pelos fiscais da Receita Federal, porém novamente houve princípio de tumulto. A polícia, então, continuou a ofensiva e prendeu cinco homens e uma mulher sob acusação de desacato à autoridade. Um deles foi acusado de armazenar pedras em carrinho para catar material reciclável.

Ao meio-dia a situação foi normalizada do lado brasileiro, porém os paraguaios só liberaram a travessia às 14 horas, depois da reunião entre lideranças de classes e políticos em Ciudad del Este. Os caminhões que transportam soja paraguaia continuaram na fila, enquanto algumas lojas, que estavam sem clientes, tentaram salvar as vendas do dia prolongando o atendimento atendimento ao público. A estimativa dos comerciantes é de queda de um terço nas vendas.

Promessa

A Ponte da Amizade deve permanecer aberta nesse fim de semana, mas pode ser fechada novamente segunda-feira. Essa é a promessa de representantes de sete entidades ligadas ao transporte de Ciudad del Este que exigem o fim das apreensões de veículos paraguaios e a devolução dos apreendidos nos últimos dias. A Receita Federal já comunicou que só pode liberar os bens por via judicial ou administrativa.

O novo bloqueio serviria para pressionar politicamente a audiência entre integrantes dos dois governos marcada para a próxima terça-feira, em Brasília. Na reunião com lideranças do departamento (o equivalente aos estados brasileiros) de Alto Paraná, o ministro do Interior do Paraguai, Rogelio Benítez, anunciou que levará uma comitiva para negociar uma saída diplomática com o Brasil. O contato está sendo feito via embaixada. Caso as exigências dos trabalhadores não sejam atendidas, os protestos na fronteira devem continuar.

O prefeito de Ciudad del Este, Javier Zacarías Irún, e o governador de Alto Paraná, Gustavo Cardoso, integram a comitiva. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou ontem que até o final da tarde não havia sido comunicado sobre o encontro entre autoridades paraguaias e brasileiras.

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